Sob pressão após avanço de sorotipo 4 da dengue, Saúde diz intensificará vacinação em 80 cidades
Decisão ocorre após a confirmação da circulação da variante da doença em São Paulo
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira mudanças na estratégia de vacinação em 80 cidades do país. A decisão ocorre após a confirmação da circulação do sorotipo 4 da doença em São Paulo, cidade com maior número de casos e letalidade acima da média nacional. As estratégias passam pela inclusão de 16 cidades no calendário de imunização e pode levar ao aumento da faixa etária autorizada a receber a dose.
Segundo a pasta, o estado de São Paulo concentra 55 municípios que integram a lista, seguido pelo Paraná, com 14 municípios, pela Bahia e pelo Pará, com três municípios cada, por Goiás e pelo Acre, com dois municípios cada, e pelo Rio Grande do Norte, com um município.
O Ministério da Saúde enfrenta desde o ano passado dificuldade de engajar o público alvo na campanha de vacinação. Historicamente, a população de 10 a 14 anos, hoje autorizada a receber a dose contra a dengue, tem baixo engajamento em campanhas de saúde. A pasta afirma que hoje há nos estados e municípios vacinas suficientes para vacinar todo o público com duas doses.
Os 80 municípios foram escolhidos considerando taxas de transmissão, ascensão de casos e número populacional, o que pode indicar possibilidade de sobrecarga das redes de saúde. A ideia é que haja uma busca ativa dos não vacinados em cada uma dessas localidades, além do monitoramento dos estoques para avaliar a ampliação da faixa etária apta a receber o imunizante.
— Vamos identificar quem são esses adolescentes que não se vacinaram, em qual bairro eles estão, com é realidade de contaminação do município para desenhar a estratégia. E vamos acompanhar os estoques para ter um planejamento em cada local dos estoques para avaliar, por exemplo, ampliação da faixa etária. Vamos ter um monitoramento próximo nessas localidades — afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
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Até o momento, o Brasil registrou 371 óbitos por dengue. Apesar da redução em relação a 2024, o número ainda preocupa. A maior concentração está em São Paulo, com 305 mortes registradas. Uma das preocupações para a região é a circulação do sorotipo 3 da doença, fora de circulação há 15 anos. Isso significa que uma parcela muito baixa da população teve contato com o vírus, possibilitando a infecção e explicando a concentração de casos.
O estado também confirmou quatro casos de dengue tipo 4. Apesar de ainda não saber como o vírus vai se comportar, preocupa o Ministério da Saúde a circulação simultânea de quatro tipo de dengue, permitindo que uma mesma pessoa e contamine mais de uma vez no mesmo período epidemiológico, aumentando a chance de casos graves. Além disso, a pasta tenta evitar a expansão do tipo 3 e 4 para estados vizinhos.
— Os demais estados e municípios do país precisam compreender que mesmo com a redução não é motivara baixar guarda em relação a vigilância, acoes de mobilização e acolher tudo o que o Ministério da Saúde mandou de insumos, exames. Se hoje esta concentrado nesses estados, essa ação dos demais estados vai impedir que isso possa nesse período mais critico de abril a junho acometer outros estados — afirmou Padilha.
Padilha anunciou ainda que o Ministério da Saúde está pronto para instalar 150 centros de hidratação de até 100 leitos nos municípios que solicitarem ajuda do governo federal, além de enviar a Força Nacional do SUS para desafogar as redes de saúde A hidratação é fundamental no manejo clínico e pode evitar o agravamento do quadro do paciente. A pasta anunciou ainda 1.260 equipamentos portáteis para a eliminação do mosquito da dengue, que serão enviados para todos os estados.
A estratégia do ministério é impedir o agravamento dos infectados, reduzindo internação e óbitos pela doença. A partir disso, a pasta lançou uma nova campanha: “Se pode ser dengue, pode ser grave”.