Sobrado desaba no Centro do Rio; uma pessoa morreu no local
Interdição acontece na Rua Senador Pompeu, na altura da Rua Visconde da Gávea, de acordo com o Centro de Operações Rio (COR)
Um sobrado na esquina das ruas Senador Pompeu e Visconde da Gávea, no Centro do Rio, desabou na tarde desta quinta-feira (20). De acordo com o Centro de Operações Rio (COR) a via está interditada, na altura da Visconde da Gávea.
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 13h29 e o Quartel Central está no local. A corporação confirmou a morte de um homem, que ficou preso dentro de um carro. CET-Rio, Guarda Municipal e Light também foram acionados.
Até as 14h, bombeiros trabalhavam para retirar uma pessoa presa dentro de um carro atingido pelos escombros. Alguns postes também caíram com o desabamento. Em nota, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro confirmou a morte de um homem no local. A vítima estava no automóvel quando foi atingida pelos destroços.
Em entrevista, o major dos bombeiros Fábio Contreiras informou que, além do homem que morreu, outra pessoa foi encaminhada para o hospital. A corporação segue em busca de outras vítimas. Nas imagens da fachada do prédio, é possível observar que a estrutura ainda corre o risco de novos desabamentos.
O casarão possuía três andares. Nos vídeos que circulam pelas redes sociais, é possível ver muita poeira e uma fumaça densa tomando conta do local após o desabamento.
O Street View, do Google, mostra que pelo menos desde 2010 o casarão estava em mau estado de conservação. Em 2019, começaram a se espalhar plantas na fachada do prédio, que cresceram e invadiram a fiação elétrica da rua.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro disse que foi acionado, na tarde desta quinta-feira, para um desabamento em uma edificação residencial na Rua Senador Pompeu, no centro do Rio. Até o momento, há informação de um óbito no local, uma vítima que estava num automóvel atingido pelos escombros.
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Relembre outros casos
Na segunda-feira, O Globo publicou reportagem sobre o estado de antigos prédios na região central da cidade. Apenas este ano, até a última quarta-feira, dia 19, segundo dados do portal 1746, da Prefeitura do Rio, foram feitas por moradores da cidade 748 solicitações de vistoria em ameaça de desabamento de estrutura, ou quase dez por dia, em média.
O maior número de pedidos é para estruturas na Zona Norte. O Centro, onde fica o imóvel que desabou na Rua Senador Pompeu, teve 63 chamados. Ao longo de todo o ano passado, o serviço 1746 recebeu 3.283 pedidos de vistoria em estruturas com risco de desabamento.
No dia 8, durante o Desfile das Campeãs, desmoronou parte do casarão onde funcionou a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio, na Avenida Mem de Sá, na Lapa, não muito longe do Sambódromo.
— A gente já tinha avisado sobre o risco de desmoronamento várias vezes. A cidade está abandonada — reclamou Laura Jannuzzi, dona do imóvel vizinho, que teve parte do telhado danificada.
A Prefeitura informou que o casarão já havia sido vistoriado e interditado. Tanto nesse caso como nos da Praça da República, não houve vítimas. Mas a preocupação da população se justifica. Somente nos primeiros dois meses e meio do ano, o portal 1746 recebeu 633 chamados com pedidos de vistoria pela Defesa Civil para imóveis com ameaça de desabamento no Centro. O órgão não informou quantos resultaram em interdições.
Um passeio pelo Centro revela casarões e prédios que, em vez de preservarem a memória da cidade, se deterioram pouco a pouco. Saindo da Avenida Mem de Sá, onde o casarão ruiu, e caminhando menos de 120 metros até a Rua Carlos Sampaio, outra edificação em ruínas salta aos olhos.
O abandono é evidente, com a vegetação crescendo sem controle e tomando conta da estrutura. A fachada exibe rachaduras profundas e pichações sobrepostas. As janelas são cobertas por tábuas e já não oferecem qualquer proteção. O teto não existe mais. Moradores e comerciantes vizinhos dizem que o casarão está abandonado há pelo menos 20 anos.
— Dizem que esse prédio era de uma família rica. Com a morte dos proprietários, foi ficando abandonado — contou um morador.
Na Rua do Riachuelo, esquina com Rua dos Inválidos, só restaram as fachadas do que foi o Palacete São Lourenço ou Solar São Lourenço. A construção do século XVIII é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938.
Outro exemplo de patrimônio que se deteriora é o Palacete Imperial, na Avenida Visconde do Rio Branco, esquina com o Campo de Santana. Em abril de 2022, chegou a ser anunciada uma reforma, orçada na época em R$ 40 milhões.
Na Rua Buenos Aires, o risco vem da ruína de uma antiga loja de artigos carnavalescos destruída pelo fogo há pouco mais de dez anos. A fachada que sobrou é protegida por uma estrutura metálica e foi totalmente tomada por vegetação. Na Praça Tiradentes, o antigo Hotel Paris ainda espera por obras quase 15 anos após ter sido vendido. Ainda na Mem de Sá, altura com a Praça da Cruz Vermelha, um prédio em péssimas condições ocupado irregularmente põe em risco quem passa na calçada ou espera o ônibus num abrigo em frente à construção.