Sobrevivente de Jardim Monte Verde conhece equipe de Samu que o resgatou
Lucas Felipe ficou soterrado durante três horas em desabamento na comunidade de Jardim Monte Verde
Lucas Felipe, 30 anos, morador do Jardim Monte Verde, no Ibura pediu para conhecer a equipe do Samu 192 Recife que o resgatou dos deslizamentos ocorridos no sábado (28). O encontro aconteceu na manhã da última sexta (3), na casa de Lucas, que fica uma rua atrás de onde aconteceram os deslizamentos.
Leia também
• Chuvas intensas serão mais frequentes? O que fazer para evitar novos desastres
• Papa Francisco envia 30 mil euros para ajudar vítimas das chuvas em Pernambuco
• ACP e Fecormércio se reúnem para discutir os impactos sociais e econômicos das chuvas
Relembre a ocorrência
Na manhã do sabado (28) Lucas saiu às presas para socorrer os vizinhos que pediam ajuda na Rua Pico da Bandeira, que fica logo atrás de onde mora. Naquele momento, já havia ocorrido o primeiro desabamento. Quando chegou ao local, presenciou o segundo, que acabou soterrando ele e seus familiares, que também tinham se mobilizado para ajudar. O incidente provocou a morte do irmão, José Felipe, 20 anos, do cunhado, Felipe Santos, 35 anos; e da esposa, grávida de poucas semanas, Nadine Fenelon, 26 anos.
O resgate de Lucas durou três horas. Ainda emocionado, ele detalhou como tem sido sua recuperação:
“Estou acamado, mas já melhorando. Consigo andar muito pouco, mas realmente preciso estar mais deitado. Foi muito peso em cima das minhas pernas, estão inchadas, mas tudo seguindo sob controle. A lombar também está muito dolorida. Mas não tive nenhuma fratura. Não quebrei nada. Eles (Samu) estavam muito bem preparados, me acalmaram a todo o momento. Deus guiou todos eles naquele primeiro momento. Principalmente, o que ficou ao meu lado, me dando oxigênio. Eles foram fora de série, sou grato por isso. Salvaram a minha vida. Todos, todos vocês da equipe, da saída de lá até o hospital foram excepcionais”, enaltece Lucas.
O reencontro com a equipe do Samu
No encontro, ocorrido na manhã da última sexta-feira (3), estavam presentes Francisco Neto, condutor da ambulância, o Dr. Wagner de Oliveira, 47 anos, médico socorrista; Edilene Santana, 33, técnica de enfermagem e Heverton Silveira, 35, condutor socorrista.
Sobre o econtrou, o médico Wagner de Oliveira, que já atua a 12 anos no serviço, comentou: “Quando criança, sonhava em ser super-herói. Pensava em salvar vidas. O Samu me trouxe essa experiência, apesar de eu não ter superpoderes”.
Lucas Felipe reforçou sua gratidão à equipe:
“Queria deixar gratidão pela vida deles, porque também correram riscos. Que Deus continue abençoando todos, da melhor forma”, enalteceu Lucas. “Sou grato, grato, grato mesmo pela força, pela ajuda, pelo heroísmo, pelo ser humano que foram. Salvam vidas.”
O dia da tragédia
O condutor Francisco Neto conta que pediu autorização à chefia para atender ao chamado de Jardim Monte Verde, por conhecer a área e diversos atalhos para chegar lá. Com dois anos atuadando no Samu e 12 de profissão, nunca havia passado por situação similar, onde toda a população ajudava para conseguir salvar a vítima.
“Entramos na zona quente (local que apresenta risco), mas analisamos toda a cena, os riscos, a distância da encosta e vimos o Lucas soterrado do tronco para baixo, pois a população já tinha tirado bastante barro e entulhos. Quando você chega, as pessoas olham como se você fosse a solução. Aquele olhar de esperança da solução, junto com a adrenalina do momento”, rememora.
Já Fábio, vizinho de Lucas, conta que a participação do Samu Recife fundamental para que Lucas fosse resgatado com vida.
“O pessoal do Samu, assim que chegou, deu todo o suporte. Assim que encontramos o Lucas com vida, Neto conseguiu pegar a mão dele, desceu, cavou uma parte, ficou sentado e botou a cabeça do Lucas encostada na perna dele para dar um descanso”, detalha. “Contato com remédio, soro, o tempo todo com Lucas ali e também instruindo a gente como saber cavar, como saber puxar, cortar os galhos. O Lucas sair vivo foi um milagre”.
Veja também
Todos os hospitais de Gaza irão reduzir ou cessar atividades por falta de combustível
