Sobrevivente do naufrágio de superiate conta que usou "toda sua força" para salvar filha de 1 ano
Agentes dos bombeiros contaram bastidores da operação: o acesso ao interior está sendo dificultado por móveis e fios elétricos, e mergulhadores podem permanecer debaixo d'água por no máximo 12 minutos
“Uma corrida para o desastre”. Assim definiu Charlotte Golunski, de 36 anos, seus últimos momentos no superiate de luxo Bayesian, que naufragou na costa da Sicília, na Itália, após ser atingido por uma tromba d’água repentina. Charlotte foi resgatada com sua filha de apenas um ano no colo e reencontrou o marido em um pequeno pronto-socorro de Palermo horas mais tarde.
Em entrevista ao Corriere Della Sera, Golunski revelou que teve o sono interrompido, na noite do desastre, por trovões, relâmpagos e ondas que balançavam o barco incessantemente.
Durante a madrugada, abraçada com Sophia, bebê de um ano, e acompanhada pelo marido James Emsilie, decidiram abandonar a cabine subir ao convés. — Uma corrida para o desastre porque havia um inferno e eu e meu marido lutávamos para nos sustentar… — disse a passageira.
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Segundo Charlotte, o grupo de convidados do magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, dono da embarcação, saiu de Londres para fazer a travessia de barco na Sicília. Todos eram colegas e colaboradores da empresa de Lynch. A viagem passou pelas Ilhas Eólias, Milazzo, Cefalù e seguiria em direção a Palermo, caminho que acabou bloqueado pelo mau tempo.
Golunski disse ao jornal italiano La Repubblica que perdeu a filha por cerca de dois segundos devido à intensidade do mar, mas depois conseguiu resgatá-la.
— Eu a segurei flutuando com todas as minhas forças, meus braços esticados para cima para evitar que ela se afogasse. Estava tudo escuro. Na água, eu não conseguia manter meus olhos abertos. Gritei por ajuda, mas tudo que eu conseguia ouvir ao meu redor eram os gritos dos outro — disse ela em entrevista.
James afirmou ao jornal italiano que a ansiedade começou com os relâmpagos, e que o capitão do iate resolveu se aproximar da costa e baixar a âncora próximo do porto por conta da previsão de tempestade. O erro, afirma James, talvez tenha sido não ter se abrigado a tempo dentro do porto, protegido pelas docas. O comandante chegou a disparar um sinalizador pedindo ajuda, “mas já era tarde demais”.
O pescador Fabio Cefalù afirmou à publicação que viu o exato momento em que o comandante ligou o alarme de emergência. — Pouco depois da passagem do tornado, vimos o sinalizador e saímos ao mar para prestar socorro, mas só vimos os restos do barco flutuando. Não havia homens no mar. Então ligamos imediatamente para o escritório do capitão do porto — declarou o homem.
Passageiros desaparecidos
O presidente do Conselho de Administração da Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e sua esposa estão entre os desaparecidos no naufrágio de um veleiro de luxo perto da costa da Sicília, informou na terça-feira a seguradora britânica Hiscox.
Além de Bloomer, o magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, de 59 anos, também está entre os desaparecidos no naufrágio. Um dos fundadores da HP Autonomy, empresa de software empresarial, Lynch foi absolvido em junho de um grande julgamento de fraude nos Estados Unidos. A esposa dele, Angela Bacares, e outras 14 pessoas foram resgatadas com vida.
Com fortuna avaliada em US$ 650 milhões (R$ 3,5 milhões), nos últimos anos o empresário foi notícia principalmente pelo processo judicial em um caso relacionado à venda da Autonomy para o grupo americano HP por US$ 11 bilhões (R$ 59,4 bilhões) em 2011.
O naufrágio
Tudo indica que os turistas estavam dormindo em suas cabines quando o iate foi atingido por uma tromba d’água, por volta das 5h da manhã. A situação piorou em poucos minutos, o mastro do veleiro, de 75 metros de altura, quebrou, e as fortes rajadas de vento fizeram o veleiro tombar para o lado. O barco ainda chegou a levantar novamente antes de afundar.
Entre as pessoas que estavam a bordo no momento da tragédia, algumas conseguiram subir ao convés, outras se encontraram na água em muito pouco tempo e não souberam explicar como conseguiram se salvar.