Sogra de adolescente denuncia negligência em maternidade de Casa Amarela
Jovem de 16 anos deu entrada na maternidade em trabalho de parto por volta das 12h, mas precisou esperar cinco horas para ser atendida, segundo relato da sua sogra
Um caso de suposta negligência no atendimento a uma adolescente gestante foi denunciado, na terça-feira (5), na Maternidade Barros Lima, em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Camila Vitória Pereira da Silva, de 16 anos, deu entrada na unidade médica em trabalho de parto por volta das 12h, mas precisou esperar cinco horas para ser atendida, segundo relato de sua sogra.
"Minha nora deu entrada por volta do meio-dia, com 9 cm de dilatação, perto de parir, mas não teve passagem. Ela é bem magrinha, a saúde dela já não é tão boa porque não se alimenta bem e o bebê dela era grande. Eu cheguei lá e pedi pelo amor de Deus para atender minha nora, isso já era cinco horas da tarde", relata a sogra da paciente, Cristina Maria da Silva, de 37 anos.
"Quando chegaram junto dela para o parto, meu netinho nasceu com sequelas e eu estou com o laudo", contou Cristina. De acordo ela, a adolescente saiu do parto toda cortada e com a vagina inchada. "Ela só tem 16 anos. É o primeiro filho dessa criatura. Eu disse que vou tomar providências porque isso foi uma negligência muito grande. Diversas vezes eu pedi para que se fizesse uma cesariana. Eles só vieram socorrer ela porque quando não aguentei mais eu gritei 'pelo amor de Deus, essa criança está passando mal'. Eu toquei nela e ela estava quente. Isso é um crime, não existe", denunciou Cristina, que teme pela saúde dos seus parentes. "Foi um sofrimento tanto para ela quanto para o bebê. Meu netinho nasceu com sequela e pode ficar uma criança especial", lamenta.
No laudo, o médico solicita, às 17h, uma vaga de UTI para o bebê, que teria nascido "em morte aparente em líquido amniótico necronizado". Ainda de acordo com o documento, o bebê "passou por procedimento de reanimação neonatal, onde foi entubado e colocado em resfriador, com prescrição de antibióticos, venóclise e catéter umbilical" e que o recém-nascido teria sofrido com um quadro de "hipóxia perinatal" e "síndrome de aspiração de mecônio", "necessitando de unidade de UTI, já que a nossa é de baixo risco", conclui o documento.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife disse que "lamenta o ocorrido com a mãe e o bebê e esclarece que a gestante, de 16 anos, tão logo deu entrada na Maternidade Barros Lima, na última segunda-feira (4), às 11h50, recebeu toda assistência necessária dos profissionais. Até o momento em que foi levada à sala de parto, às 16h40, quando entrou em período expulsivo, a mãe e o bebê passaram por avaliação a cada 30 minutos, com registro em prontuário, onde não foram constatadas alterações. O parto ocorreu às 17h17, quando a equipe percebeu que o recém-nascido precisava de cuidados intensivos. A Sesau reforça que durante o atendimento foram seguidos todos os protocolos e cuidados necessários tanto com a mãe quanto o bebê. Os dois continuam internados e recebendo toda a assistência médica necessária".