Sonda americana Odysseus pode ter pousado de lado
Segundo o presidente executivo e co-fundador da Intuitive Machines, o mais provável é que veículo tenha prendido o pé na superfície e o módulo de aterrissagem tenha tombado
A empresa americana Intuitive Machines anunciou nesta sexta-feira que sua sonda pode ter pousado de lado na superfície da Lua, e não na posição vertical, como informou na véspera. A sonda Odysseus alunissou às 23h23 GMT (20h23 em Brasília) de ontem, apesar de contratempos, como uma falha em seu sistema de navegação e uma comunicação complicada logo após o pouso.
Segundo Steve Altemus, presidente executivo e cofundador da Intuitive Machines, o mais provável é que a Odysseus tenha prendido o pé na superfície e o módulo de aterrissagem tenha tombado. Com a ajuda de uma maquete, ele mostrou o dispositivo de lado, mas com a parte superior provavelmente apoiada em uma rocha, de modo que ele estaria parcialmente "elevado".
O módulo de pouso na Lua ainda pode produzir energia, graças aos seus painéis solares, e funcionar, ressaltou Altemus, acrescentando que fotografias devem confirmar a posição neste fim de semana. A sonda é o primeiro dispositivo americano a pousar na Lua em mais de 50 anos. A nave transporta instrumentos científicos da Nasa, que busca explorar o polo sul da Lua antes de enviar astronautas em sua emblemática missão Artemis.
Além das imagens capturadas por Odysseus, estava previsto o lançamento de uma pequena espaçonave que leva uma câmera, desenvolvida pela Embry-Riddle Aeronautical University, que deveria ser ejetada do módulo de alunissagem para tirar fotos. Mas complicações surgidas nesta fase o impediram e o lançamento foi adiado, informou a universidade nesta sexta-feira. Está previsto que ocorra durante a missão em solo, o que permitirá obter uma vista externa do módulo de alunissagem.
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Improviso
A empresa recebeu cumprimentos de todo o mundo, inclusive de concorrentes que também tentaram pousar na Lua sem sucesso, como a japonesa ispace, que acabou explodindo no ano passado e a Astrobotic, que falhou em janeiro.
A alunissagem também foi um grande sucesso para a Nasa, que assinou um contrato de 118 milhões de dólares (R$ 583 milhões) com a Intuitive Machines para transportar seis instrumentos científicos nesta missão denominada IM-1. Um deles provavelmente salvou a viagem, uma vez que o sistema de navegação do módulo de pouso não funcionou como o previsto, obrigando a empresa a improvisar.
Durante uma volta extra ao redor da Lua, antes da descida, um sistema de laser da Nasa foi programado no último minuto para guiar o módulo de alunissagem. Esta técnica foi planejada para ser testada durante a missão para melhorar a precisão de pousos futuros, mas acabou sendo utilizada como sistema de navegação principal. A Odysseus está programada para operar por cerca de sete dias, antes de virar noite no polo sul lunar.
Economia lunar
Esta é a primeira missão da Intuitive Machines, mas a segunda do novo programa da Nasa com empresas privadas, conhecido como CLPS. A tentativa anterior, feita pela empresa americana Astrobotic, fracassou em janeiro. Em vez de enviar instrumentos científicos com seus próprios veículos, a agência espacial americana passa a terceirizar este serviço, uma estratégia que visa permitir viagens com maior frequência e menor custo, além de promover o desenvolvimento de uma economia lunar.
Na manhã desta sexta-feira, as ações da empresa subiram cerca de 22% na Bolsa de Nova York. Outras quatro missões lunares americanas estão previstas para este ano como parte do programa CLPS, incluindo duas da Intuitive Machines.