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Sonhando com volta ao mundo, irmãos se aventuram na Refeno

Neto e Lucas cumpriam missão quando acidente mudou planos. Enquanto esperam por barco, dupla competiu no evento

Velejadores participaram pela segunda vez da RefenoVelejadores participaram pela segunda vez da Refeno - Foto: Tsuey Lan Bizzocchi/Cabanga

FERNANDO DE NORONHA (PE) - Era o início da manhã de 3 de julho quando os irmãos Neto e Lucas Faraco, de 27 e 23 anos, começaram a viver um grande pesadelo. O veleiro que conduziam, o Katoosh, se chocou com uma baleia na Polinésia Francesa. Eles perderam o leme e ficaram 86 horas à deriva. Foi o começo de um trabalho intenso e demorado de recuperação da embarcação, o que fez eles precisarem voltar ao Brasil para renovarem seus vistos.

Na passagem pelo País, os irmãos naturais de Ubatuba, em São Paulo, aproveitaram para participar da 31ª edição da Regata Internacional Recife-Fernando (Refeno). Mas, como o Katoosh ainda está no Pacífico Sul, eles competiram a bordo do barco Gentileza e completaram as 300 milhas náuticas (550 quilômetros) da regata em 40h37min03s, resultado que os posicionou em sexto lugar na categoria Bico-de-proa A.

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A história dos irmãos, no entanto, começa bem antes e vem de um sonho de família. Eles querem ser os tripulantes brasileiros mais jovens a dar a volta ao mundo em uma embarcação do tipo. O sonho começou com os pais deles, Celso e Cláudia, que, em 1987, iniciaram a construção do veleiro Katoosh. Após três anos, a embarcação começou a navegar. A chegada dos filhos, no entanto, fez o desejo de dar a volta ao mundo ser interrompido até ser retomado por Neto e Lucas, que moraram no barco durante os primeiros anos da infância.

Neto relata a experiência de continuar com o sonho dos pais. “Quando a gente nasceu, nossos pais já moravam nesse veleiro. Era um sonho deles, que foi interrompido quando nascemos. Depois de terminar a faculdade eu e meu irmão reformamos o barco e podemos dizer que é um sonho de família que está sendo realizado. Já concluímos um terço da viagem”, disse.

Os irmãos saíram de Ubatuba em março de 2018 com uma previsão de quatro anos de viagem. Até agora já passaram por 18 países e dezenas de cidades e ilhas. “Assim que o visto for renovado, voltamos para lá (Polinésia Francesa) para arrumar o barco e seguir viagem”, continuou Neto. A viagem de Neto e Lucas é relatada no Instagram, no perfil @veleiro.katoosh, que tem mais de 110 mil seguidores. Na semana passada, eles também falaram sobre o assunto em um bate-papo aberto ao público na Faculdade Senac. “Além de divulgação por hobby, o perfil virou uma fonte de renda”, acrescentou. Os irmãos mantêm uma campanha de financiamento coletivo para ajudar nos custos da viagem.

Apesar de não terem concluído ainda esse primeiro objetivo, os irmãos já traçam planos para o futuro. “A gente nunca para de sonhar. Já idealizamos uma segunda viagem, mas ainda não é nada certo”, falou. Essa foi a segunda edição da Refeno da dupla, que participou com os pais da regata de 1999. Lucas inclusive conquistou o troféu de tripulante mais jovem na ocasião. “Éramos muito pequenos. É como se fosse nossa primeira vez. A regata deste ano exigiu muito, mas foi muito legal. Tem um toque mágico”, concluiu Neto. Os irmãos devem partir para buscar o Katoosh no final de outubro e terão pelo menos mais dois anos de viagem para realizar o sonho da família.

*O repórter viajou a convite do Cabanga Iate Clube

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