Submarino desaparecido: Cartas citadas por James Cameron enviadas a OceanGate alertavam para riscos
Documento fala em "preocupação unânime" e "abordagem experimental" da empresa no desenvolvimento de submersível
Lideranças da indústria de tecnologia marinha alertaram a OceanGate sobre riscos no desenvolvimento dos submersíveis da empresa ainda em 2018, segundo uma carta revelada pelo jornal The New York Times nesta quarta-feira. O documento avisava o CEO da empresa, Stockton Rush, uma das cinco vítimas da implosão do submarino Titan, quanto as consequências "catastróficas" que a abordagem da OceanGate poderia provocar.
O cineasta James Cameron, diretor do filme Titanic e experiente explorador submarino, mencionou a existência do documento em entrevista a BBC nesta sexta-feira ao criticar a empresa responsável pela expedição.
Leia também
• Fortuna dos tripulantes mortos em submarino soma US$ 2,6 bilhões
• Sistema secreto de espionagem da Marinha americana detectou implosão do submarino Titan
• Submarino do Titanic: quanto custou operação de resgate até agora e quem pagou por ela?
A carta da Sociedade de Tecnologia Marinha (MTS, na sigla em inglês), uma associação de engenheiros, educadores e oceanógrafos ligados a fabricação de submersíveis e exploração subaquática, fala em "preocupação unânime quanto ao desenvolvimento do TITAN e da Expedição ao Titanic". O documento também se referia a "abordagem experimental" da empresa.
O principal foco da carta é a falta de iniciativa da empresa em aderir a uma série de parâmetros de segurança da organização internacional independente DNV-GL, voltada para o mercado naútico. Simultaneamente, em seu material de divulgação, a OceanGate, no entanto, afirmava que sua tecnologia iria "atender ou superar" os mesmos critérios.
"Sua apresentação é, no mínimo, enganosa para o público e viola um padrão profissional do código de conduta que todos nos esforçamos para atender (...) No entanto, recomendamos que, no mínimo, você institua um programa de teste de protótipo revisado e testemunhado pela DNV-GL. Embora isso possa exigir tempo e despesas adicionais, é nossa opinião unânime que este processo de validação por um terceiro é um componente crítico nas salvaguardas que protegem todos os ocupantes submersíveis", diz a carta.