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Submarino desaparecido: o que acontece com o corpo com a privação de oxigênio

Sobrando menos de 2 dias para garantir a capacidade da tripulação respirar, risco é iminente

Submarino que realizava uma expedição até os destroços do Titanic desapareceu nesta segunda-feira Submarino que realizava uma expedição até os destroços do Titanic desapareceu nesta segunda-feira  - Foto: Divulgação

O mundo acompanha com falta de ar a busca pelo submarino com cinco pessoas a bordo que desapareceu no Oceano Atlântico enquanto se dirigia para explorar os destroços do Titanic. De acordo com as agências de notícias, na tarde desta terça-feira, restavam apenas 40 horas de oxigênio na embarcação. Mas o que significa isso? Qual o risco que essa tripulação enfrenta?

Uma pessoa consegue ficar sem respirar, ou seja, sem fazer a troca de gases, por apenas dois ou três minutos, em geral. É a falta aguda de oxigênio, quando alguém está submerso no mar e se afoga, por exemplo.

Nesse caso, a embarcação tem um sistema que permitiria, de acordo com as primeiras notícias, manter as pessoas por 96 horas, inicialmente. Ou seja, ela ofereceria condições semelhantes às da atmosfera, com 20% de oxigênio, 78% de nitrogênio e mais um pouquinho de outros gases, como explica Álvaro Pulchinelli, toxicologista da Clínica Felippe Mattoso, do Grupo Fleury.

— Essa proporção deve ser mantida em qualquer situação — afirma ele.

Além disso, o que muda é a pressão para compensar a profundidade do fundo do oceano. Como o grupo é composto por pessoas comuns, sem um treinamento específico, a pressão atmosférica deve ser semelhante à daqui de cima.

Enquanto o oxigênio vai sendo consumido, as pessoas vão exalando gás carbônico, que deve ficar confinado na pequena embarcação.

— No submergível, a ideia é que por 96 horas esse sistema fique equilibrado. Conforme vai passando o tempo, essa proporção vai piorando. Pela falta de troca e o gás carbônico ficar retido na cápsula, elas vão ficando mais lentificadas, têm dificuldade de consciência, sonolentas, até que ocorre a narcose, quando a pessoa fica desacordada. No pior dos cenários, elas não vão ter sensação de sufocamento iminente, vão estar apagadas — diz Pulchinelli.

Embora diversas condições interfiram no consumo de oxigênio — como metabolismo, condição física, tamanho — o tempo previsto é uma média de segurança.

Para economizar o oxigênio ao máximo, o ideal seria ficarem calmos e parados, mas é preciso considerar ainda a situação psicológica extrema.

— Deveriam ficar o máximo possível em repouso, diminuindo a demanda para tentar fazer com que a mistura renda mais. Uma pessoa com bom condicionamento físico, que tenha boa oxigenação e não sendo estatura grande poderia até ter menos gasto, mas a gente gasta uma quantidade de combustível para se manter vivo, não há o que fazer. E como manter a calma nessa situação? O psicológico deve ser terrível — afirma o toxicologista.

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