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Submarino perdido: ruínas do Titanic estão em meio a cânion, dunas e ondas de lama

Mapas mostram características geológicas ao redor do local onde estão os destroços do naufrágio ocorrido em 1912; submersível segue desaparecido

Imagem divulgada pela Guarda-Costeira dos EUA mostra navio Deep Energy, que participa das buscas pelo submarino Titan Imagem divulgada pela Guarda-Costeira dos EUA mostra navio Deep Energy, que participa das buscas pelo submarino Titan  - Foto: Reprodução

O submersível Titan desapareceu quando se aventurava em um ambiente inóspito na escuridão do fundo do Oceano Atlântico, neste domingo (18). A embarcação, produzida pela OceanGate, tentava encontrar as ruínas do Titanic, que repousam a 3,8 km de profundidade, no final de um cânion submarino, entre dunas de areia, e na área de influência de duas correntes marítimas que formam ondas de lama. É neste ambiente que equipes de buscas lutam contra o tempo, nesta quinta-feira, para encontrar o submarino perdido com cinco tripulantes.

O Titanic naufragou em 14 de abril de 1912 após bater em um iceberg e se partir em dois pedaços grandes, e depois em vários menores. Suas partes foram descobertas e registradas pelo oceanógrafo Robert Ballard, em 1985. Elas se espalharam por uma área de 13 mil km² no final do desfiladeiro do Cameron Canyon, a cerca de 700 km da província canadense de Terra Nova.

Para chegar aos destroços, é necessário fazer uma viagem de submersível que dura mais de duas horas, como pretendiam fazer os cinco tripulantes do Titan: o presidente da OceanGate Expeditions, Stockton Rush; o bilionário britânico Hamish Harding; os paquistaneses Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood; e o pesquisador subaquático francês Paul-Henry Nargeolet.

Os destroços do Titanic estão em um local descrito por Ballard e outros dois pesquisadores como um "piso é acarpetado por detritos e depressões de sedimentos", no estudo "The geology of the Titanic site and vicinity", publicado três anos após a descoberta das ruínas.

A área, prossegue Ballard, é uma planície lamacenta caracterizada pela existência de dunas e faixas e lençóis de areia. Há ainda três montanhas na região subterrânea ao redor do Titanic, cada uma delas com cerca de 600 metros de altura.

Correntes subaquáticas
As ruínas do Titanic ficaram depositadas em uma área próxima ao encontro das correntes marítimas de Labrador, em direção ao sul, e a do Golfo, rumo ao norte. As duas têm pontos de alta velocidade, transportando grandes quantidades de sedimentação ao longo do fundo do oceano.

O fluxo de água resultante desta confluência - entre Labrador e Golfo - provoca a criação de dunas e ondas de lama no fundo do oceano. De acordo com o relatório "Superficial Geology Of The Area Near Titanic Wreck", publicado pelo governo canadense, os sedimentos levados pelas correntes marítimas deve enterrar os destroços do Titanic em um prazo de até 50 anos.

O arqueólogo marinho de águas profundas, Gerhard Seiffert, disse que acha pouco provável que a força dessas correntes marinhas - com ondas de lama - representa risco para o submersível.

"Não tenho conhecimento de correntes que representem uma ameaça para qualquer veículo de alto mar em funcionamento no local do Titanic" afirmou Seiffert, em entrevista à BBC. "As correntes, no contexto do nosso projeto de mapeamento, representaram um desafio para o mapeamento de precisão, não um risco para a segurança" acrescentou.

Dificuldades nas buscas
As características geológicas do lugar onde estão os destroços do Titanic representam dificuldade para as equipes de resgate, caso o submersível esteja próximo ao cruzeiro naufragado há mais de 100 anos. Além da escuridão pela falta de luz solar, a água é viscosa pela presença dos sedimentos. Apenas equipamentos com luz artificial permitem algum campo de visão abaixo dos 1.000 metros de profundidade.

Estados Unidos e Canadá mobilizaram suas Guardas-Costeiras para atuarem nas buscas pelo Titan. Aeronaves militares americanas também foram acionadas e vasculham a área. A operação foi descrita pelo capitão James Frederick, da Guarda-Costeira dos EUA, como "muito complexa". Ele ressaltou ainda que as equipes estão "trabalhando sem parar".

Um navio de pesquisa francês chamado Atalante também foi convocado para participar das buscas. Segundo a BBC, a embarcação estava a 48 horas do local do naufrágio do Titanic e deve chegar na área da operação na quarta-feira. O Atalante conta com o robô Victor 6000, capaz de mergulhar até a profundidade do naufrágio.

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