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Prevenção

Surto de virose no Guarujá: quais as possíveis causas? Como se prevenir de infecções?

Veja a seguir o que dizem os especialistas

Guarujá e outras cidades do litoral de São Paulo registram surto de viroseGuarujá e outras cidades do litoral de São Paulo registram surto de virose - Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Guarujá

O Guarujá, um dos destinos turísticos mais procurados do litoral paulista, enfrenta um surto de virose. De acordo com a prefeitura, mais de 2 mil atendimentos relacionados a sintomas como náuseas, vômitos e diarreia foram registrados em dezembro, e foi preciso ampliar o trabalho nas unidades de saúde. Mas o que pode explicar aumento de casos como esses? Veja a seguir o que dizem os especialistas.

O que são 'viroses'?

São infecções que acometem o trato gastrointestinal. Geralmente, elas são provocadas por vírus, mas também podem ocorrer pelo consumo de alimentos contaminados por bactérias como a Escherichia coli (E. coli) e outros microrganismos.

"Quando falamos de sintomas como diarreia, náusea, dor abdominal e vômitos, estamos nos referindo a um quadro clínico conhecido como gastroenterocolite aguda", explica o infectologista Thiago Morbi, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A principal causa de gastroenterocolite aguda são as infecções virais, com destaque para agentes como o rotavírus e o adenovírus. É por isso que, com frequência, quadros do gênero são chamados de viroses.

Os sintomas costumam durar entre um dia e uma semana, e a principal complicação é a desidratação, que pode ser leve, moderada ou severa. "Além do desconforto e incômodo intensos, as viroses podem representar um risco maior para as crianças, bem como para os idosos e pessoas com comorbidades. Isso porque elas tendem a desidratar com mais rapidez em casos de gastroenterite com a presença de vômitos e diarreia", ressalta o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Santos.

Mais frequentes no verão

As doenças gastrointestinais tornam-se particularmente frequentes durante o verão. Os motivos para isso são diversos: as altas temperaturas que favorecem que alimentos estraguem, a qualidade das águas do mar, o tratamento inadequado da água e a falta de higiene em praias lotadas.

Além disso, o infectologista Marcelo Otsuka lembra que o despejo clandestino de esgoto em praias é "um problema recorrente no Brasil" e facilita a propagação da contaminação de uma área para outra. "Isso representa um risco especial para crianças, que podem ingerir acidentalmente água contaminada", afirma.

Há ainda o aumento expressivo de frequentadores nas cidades litorâneas, "o que sobrecarrega ainda mais as condições sanitárias, contribuindo para a disseminação de doenças", segundo o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Nesta sexta-feira, 2, a prefeitura do Guarujá informou ter acionado a Sabesp para investigar possíveis vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada que poderiam estar relacionados ao aumento de casos de virose na cidade.

A Sabesp, por sua vez, afirmou que adotou medidas para verificar as solicitações. De acordo com a companhia, o sistema de esgoto da Baixada Santista está operando normalmente.

Consumo de alimentos infectados

Além de questões sanitárias, um risco pode ser o consumo de alimentos e bebidas vendidos na praia. Esses produtos nem sempre utilizam água de boa procedência ou seguem padrões adequados de higienização.

Morbi explica que o consumo de alimentos malconservados, especialmente frutos do mar, é a principal via de transmissão das viroses, além do contato direto com a água contaminada das praias.

Alta de casos no Guarujá

"O aumento de casos no Guarujá provavelmente é resultado de fatores múltiplos", avalia Morbi. Primeiro, o acúmulo de turistas na região gera aglomerações e favorece a exposição a alimentos contaminados. "Além disso, há um aumento no consumo de gelo de procedência duvidosa em bebidas típicas dessa época do ano, o que também contribui para a disseminação de infecções."

Outro ponto relevante são as condições das praias, reafirma o especialista. De acordo com o relatório mais recente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), de 175 praias monitoradas no litoral paulista, 38 (21,70%) são consideradas impróprias para banho.

Essa classificação é baseada em três indicadores principais: a presença de coliformes fecais, de E. coli e de enterococos. "Caso os níveis excedam os limites estabelecidos, a praia é considerada inadequada para o banho", comenta o infectologista do Oswaldo Cruz.

Como prevenir?

A prevenção passa por cuidados básicos de higiene e pela atenção redobrada na manipulação e no consumo de alimentos e bebidas. Confira algumas medidas recomendadas pelos infectologistas:

- Prefira sempre água filtrada, fervida ou envasada em garrafas lacradas;

- Evite consumir alimentos de origem duvidosa ou preparados em condições precárias de higiene, especialmente frutos do mar;

- Cozinhe bem os alimentos antes de consumi-los;

- Observe se a praia escolhida apresenta sinais de poluição, como esgoto visível ou mau cheiro. Dê preferência a locais com monitoramento regular da qualidade da água;

- Lave bem as mãos após o uso do banheiro, antes do preparo de alimentos e antes de se alimentar;

- Carregue consigo um frasco de álcool em gel, para higienização em lugares sem acesso à água ou sabão.

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