Suspeito de matar CEO escreveu "lista de tarefas" para assassinato e cogitou usar bomba em Nova York
Polícia analisa anotações encontradas com Luigi Mangione para desvendar motivação por trás da morte de Brian Thompson
A polícia de Nova York analisa anotações de Luigi Mangione para tentar desvendar a motivação do assassinato de Brian Thompson, CEO da maior seguradora de saúde dos Estados Unidos. O americano foi preso nesta segunda-feira por suspeita de disparar contra o presidente-executivo da UnitedHealthcare, em Manhattan, na quarta-feira passada.
Fontes policiais contaram à CNN que, quando foi detido, Mangione carregava um caderno, com três páginas escritas à mão, com uma lista de tarefas para cometer um assassinato e justificativas para o plano. Nas notas, o americano fazia menção a Theodore Kaczynski, conhecido como Unabomber, que ganhou notoriedade internacional após atacar civis com bombas caseiras de 1978 a 1995.
Segundo o detetive-chefe da polícia de Nova York, Joe Kenny, as anotações indicam que Mangione sabia que Brian Thompson participaria, no dia do crime, de uma conferência com investidores em Nova York e menciona que iria até o local.
Os escritos no caderno apontam reflexões do suposto atirador sobre as possibilidades para cometer um assassinato. Ele escreveu que usar uma bomba contra a vítima "poderia matar inocentes" e que atirar contra ele "seria mais direcionado". Nas notas, o suspeito também relata que não haveria momento melhor do que "matar o CEO em sua própria conferência de contagem de feijões".
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O documento não incluía ameaças específicas, segundo o detetive-chefe de Nova York. O suspeito portava ainda um manifesto, também escrito à mão, com queixas contra a indústria americana da saúde, por supostamente privilegiar os lucros em detrimento dos cuidados de pacientes.
A polícia acredita que ele tenha mirado Brian Thompson como um ato simbólico contra o setor e o que criticava como "ganância corporativa".
Nesta terça-feira, Mangione foi visto gritando e enfrentando os policiais que o escoltavam até um tribunal na Pensilvânia, vestido com um uniforme laranja, para uma audiência sobre sua transferência para Nova York.
Enquanto descia de uma viatura policial, Mangione conseguiu gritar: "Isso é completamente injusto e um insulto à inteligência do povo americano!".
O detetive-chefe Kenny disse que o detido denunciava no manifesto que o sistema de saúde americano é um dos mais caros do mundo, mas o país tem uma expectativa de vida menor do que de outras nações desenvolvidas.
"Ele escreveu muito sobre seu desprezo pelas corporações americanas e, particularmente, pela indústria da saúde", acrescentou a autoridade.
A Casa Branca, através da secretária de imprensa Karine Jean-Pierre, classificou o crime como "horrível" e disse que "a violência para combater qualquer tipo de ganância corporativa é inaceitável".
Mangione foi capturado na segunda-feira depois de ser identificado por um cliente de um restaurante McDonald's em Altoona, Pensilvânia.
Possível vingança?
A polícia ainda não confirmou notícias da imprensa de que as palavras "demorar" e "negar" - uma linguagem frequentemente usada pelas seguradoras para rejeitar reclamações - estavam escritas em cápsulas de bala encontradas na cena do crime.
O homem foi levado pela polícia local na noite de segunda-feira para um tribunal na Pensilvânia e, em seguida, foi acusado em Nova York por suspeita de homicídio, duas acusações de posse ilegal de arma de fogo em segundo grau e outros crimes.
Mangione terá que comparecer ao tribunal no dia 23 de dezembro.
Ao ser capturado, ele mostrou aos agentes uma identificação falsa, segundo documentos da acusação, e durante a revista a polícia encontrou uma "pistola fantasma" capaz de disparar balas de 9 mm e equipada com um silenciador.
Segundo o The New York Times, que cita amigos de Mangione, o suspeito vivia com uma dor nas costas intensa e no ano passado passou por uma cirurgia devido a essa condição.
Thompson, a vítima, estava participando de uma conferência para investidores no distrito comercial de Midtown. O crime ocorreu em frente ao hotel Hilton, em uma das áreas mais movimentadas do distrito de Manhattan, um centro turístico da cidade de Nova York.
O UnitedHealth Group é uma das maiores empresas de seguros de saúde dos Estados Unidos, com 440 mil funcionários. No terceiro trimestre do ano, a empresa faturou US$ 100,8 bilhões (R$ 610 bilhões).
Pai de dois filhos, Thompson estava na empresa há mais de vinte anos e dirigia desde 2021 sua subsidiária de saúde, a UnitedHealthcare, que conta com cerca de 140 mil funcionários e oferece planos de saúde a empregadores privados e pessoas seguradas por programas estatais como Medicare e Medicaid.