Suspeito de sequestrar menina de 12 anos disse em depoimento ter se arrependido de levar garota
Eduardo da Silva alegou à polícia ter tentado contato com os pais para levar a adolescente de volta ao Rio; polícia do Maranhão aguarda laudo da perícia nos aparelhos celulares para confirmar versão
Eduardo da Silva Noronha, de 25 anos, solto na tarde de quinta-feira, após audiência de custódia em São Luís, no estado do Maranhão, disse em depoimento à polícia que teria se arrependido de levar e manter em cativeiro por duas semanas uma menina de 12 anos, no quitinete onde morava, na mesma região.
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Ele, que foi preso em flagrante na última terça-feira, é suspeito de ter sequestrado a garota no Rio de Janeiro e levado até a capital maranhense num carro de aplicativo, pagando um valor de R$ 4 mil reais a um motorista que a polícia ainda tenta identificar.
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Eduardo afirmou ainda que, na ocasião, teria enviado uma mensagem de texto para os pais da vítima avisando que a levaria de volta ao Rio após ter “se arrependido de levá-la”. Versão que a polícia aguarda a perícia dos celulares para confirmar.
Segundo a delegada Pollyanne Souza da Costa, da Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente de São Luiz (DPCA), o inquérito está longe de ser concluído. A delegada afirma que o açougueiro deve responder há pelo menos três crimes: subtração de menores, inquérito conduzido pela delegacia do Rio, estupro de vulnerável e cárcere privado, ambos no Maranhão.
— Todo o inquérito está em aberto porque fizemos apenas o flagrante. O que foi encerrado é o desaparecimento dela. Agora, tenho 30 dias para concluir as investigações sobre possíveis outros crimes. Por isso, vamos analisar tudo o que foi feito desde a chegada deles a São Luiz, incluindo o que acontecia nas conversas que eles trocavam — explicou a delegada.
Uma perícia nos celulares do suspeito e da vítima também será realizada pela polícia do Maranhão, na próxima semana, para analisar o teor das conversas e do material digital arquivados nos aparelhos. O resultado da vistoria, segundo a delegada, deverá ser encaminhado para a delegada Elen Souto, que conduz um dos inquéritos pela Delegacia Descoberta de Paradeiros (DDPA). A troca de informações entre as delegacias faz parte da investigação que desde o início foi conduzida em conjunto.
De acordo com Pollyanne, a perícia dos aparelhos é a peça fundamental para identificar se, nesses dois anos de relacionamento e conversa, o suspeito chegou a encaminhar algum material pornográfico para a menina e se também a obrigou a produzir algum vídeo ou foto.
— O Eduardo diz que ele e a menina conversavam e que durante as conversas ela pedia para ele fosse buscá-la. Este relacionamento dele com ela já é, por si só, um caso de pedofilia. Ele também confirma que mandou mensagem para os pais, não sabemos se isso é verdade. Por isso, a perícia no celular vai ser fundamental para esclarecer todos esses pontos. Também devemos colher o depoimento dos responsáveis da menina — afirmou a delegada.
O açougueiro também relatou na delegacia ter tocado e beijado a menina de 12 anos. Assim que ela desembarcou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira, acompanhada da irmã, foi escoltada por policiais até o Instituto Médico-Legal, onde fez exame de corpo e delito que deu negativo para violência sexual.
A menina, durante depoimento na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), afirmou ter encontrado fotos de outras mulheres no celular de Eduardo enquanto ainda estava em cativeiro. A polícia trabalha para identificar se essas imagens seriam possíveis outras vítimas.
— A perícia também vai nos dizer se essas imagens no celular dele são de outras vítimas. Nada está descartado deste caso. Não sabemos se o motorista foi contratado de forma aleatória ou se eles são cúmplices e trabalham juntos — pontou a delegada Pollyanne.
Se confirmado o material pornográfico, Eduardo pode responder pelos crimes de estupro de vulnerável virtual, quando o abusador solicita que o menor de idade produza conteúdo para que ele assista, e posse de pornografia infantil — somadas as penas podem passar dos 20 anos de prisão.