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Afeganistão

Talibã afirma controlar todo Afeganistão; líder da resistência convoca levante nacional

Em uma entrevista coletiva em Cabul, o porta-voz Taleban advertiu contra novas tentativas de insurgência e convocou os integrantes das Forças Armadas do governo anterior a aderir às tropas do novo regime

Soltados do Taleban em seu veículo militar celebrando a saída das tropas dos Estados Unidos do solo afegão.Soltados do Taleban em seu veículo militar celebrando a saída das tropas dos Estados Unidos do solo afegão. - Foto: Javed Tanveer / AFP

O Talibã anunciou nesta segunda-feira (6) que controla todo o Afeganistão, depois que afirmou ter capturado o vale de Panjshir, onde o líder da resistência local Ahmad Masud convocou um "levante" contra o novo regime.

Após a vitória fulminante sobre as tropas governamentais em agosto e a retirada das tropas dos Estados Unidos na semana passada, depois de 20 anos de guerra, os talibãs tentavam sufocar a resistência concentrada no montanhosos vale de Panjshir, perto de Cabul.

"Com esta vitória, nosso país saiu por completo do pântano da guerra. As pessoas viverão agora em liberdade, paz e prosperidade", afirmou o principal porta-voz do movimento islamita, Zabihullah Mujahid, em um comunicado.

Histórico reduto anti-Talibã, o vale de Panjshir, famoso no fim dos anos 1980 graças ao lendário comandante Ahmed Shah Masud, que foi assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, abriga a Frente Nacional de Resistência (FNR).

O líder desta força, Ahmad Masud, filho do comandante Masud, respondeu aos talebans e convocou um "levante nacional".

"Onde quer que vocês estejam, dentro ou fora (do Afeganistão), convoco para que iniciem um levante nacional pela dignidade, liberdade e prosperidade de nosso país".

A FNR afirma reter "posições estratégicas" na região e promete "continuar" com sua luta.

Em uma entrevista coletiva em Cabul, o porta-voz Talibã advertiu contra novas tentativas de insurgência e convocou os integrantes das Forças Armadas do governo anterior a aderir às tropas do novo regime.

"O Emirado Islâmico é muito sensível às insurgências. Qualquer um que tentar iniciar uma insurgência será atacado com firmeza. Não permitiremos outra", afirmou.

Imagens publicadas nas redes sociais pelo Taleban mostram os talibãs no gabinete do governador da província de Panjshir e bandeiras do movimento por todos os lados.

Após a queda de Cabul em 15 de agosto, as forças contrárias às novas autoridades formaram o FNR no Panjshir, uma região que não caiu durante a ocupação soviética nem durante o primeiro governo Taleban (1996-2001).

Na madrugada de segunda-feira, a FNR reconheceu muitas baixas em combates durante o fim de semana e pediu um cessar-fogo.

O Irã, que tem uma grande fronteira com o Afeganistão, condenou a ofensiva Talibãs no vale de Panjshir, depois de várias semanas em que evitou criticar as ações das novas autoridades afegãs.

Segregação por sexo nas aulas 
Três semanas após a conquista da capital Cabul, o Talibã ainda trabalha na formação do governo. O anúncio estava previsto para o fim de semana, mas foi adiado.

Mujahid explicou nesta segunda-feira que a formação de um governo interino será anunciado nos próximos dias, após a solução de "questões técnicas".

O grupo prometeu em várias ocasiões um Executivo mais "inclusivo" e representativo da variedade étnica que durante seu primeiro regime, baseado em uma interpretação muito rigorosa da lei islâmica.

A inclusão de mulheres é improvável. Durante o primeiro governo Talibã, os direitos das mulheres foram muito prejudicados, com proibição de estudar, trabalhar ou sair às ruas sozinhas.

O representante talibã para a Educação afirmou no domingo que as mulheres serão autorizadas a frequentar a universidade, caso as aulas sejam segregadas por sexos ou separadas por uma cortina. 

As estudantes também deverão vestir o longo véu que cobre todo o corpo e um niqab que tape o rosto, mas não será necessário utilizar burca, que tem apenas uma pequena abertura na altura dos olhos.

A tomada do poder acarreta múltiplos desafios para o Talibã, incluindo as necessidades humanitárias de grande parte da população que precisa de assistência internacional.

O enviado humanitário da ONU, Martin Griffiths, chegou a Cabul para uma reunião com o comando taleban.

"As autoridades afirmaram que a segurança dos funcionários do setor humanitário e o acesso de ajuda humanitária às pessoas necessitadas estarão garantidos, e que os trabalhadores humanitários (tanto homens como mulheres) terão garantida a liberdade de movimento", afirmou em um comunicado o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

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