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Afeganistão

Talibãs prometem atender 'todas as preocupações' da China

A China compartilha uma pequena fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e teme que a região se torne uma base para separatistas

Foto divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do Talibã mostra o Ministro das Relações Exteriores do Talibã Amir Khan Muttaqi (E) cumprimentando o Ministro das Relações Exteriores da China Wang Yi (D) após sua chegada ao aeroporto de Cabul em CabFoto divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do Talibã mostra o Ministro das Relações Exteriores do Talibã Amir Khan Muttaqi (E) cumprimentando o Ministro das Relações Exteriores da China Wang Yi (D) após sua chegada ao aeroporto de Cabul em Cab - Foto: Ministério das Relações Exteriores do Talibã / AFP

O governo talibã disse que atenderá "todas as preocupações" da China, durante uma reunião em Cabul, nesta quinta-feira (24), com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que visitou o Afeganistão pela primeira vez desde que os islâmicos retomaram o poder.

A China compartilha uma pequena fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão, em uma área de alta altitude, e Pequim teme que seu vizinho possa se tornar uma base para separatistas uigures e islâmicos. 

O chanceler Wang Yi chegou a Cabul nesta quinta-feira e se reuniu com o vice-primeiro-ministro, Abdul Ghani Baradar, e com o ministro das Relações Exteriores talibã, Amir Khan Muttaqi.

Em um comunicado divulgado pelo vice-primeiro-ministro, sem mencionar especificamente os uigures, os talibãs garantiram a Wang que vão abordar "todas as preocupações" que "ele acredita que surjam do solo afegão". 

Desde que voltou ao poder em agosto, o Talibã prometeu não permitir que seu país seja usado como base para grupos armados estrangeiros. 

Antes de sua posse em Cabul, Pequim tentou manter laços com os fundamentalistas islâmicos, enquanto as forças dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se retiravam do Afeganistão.

"O Emirado Islâmico quer expandir ainda mais seus laços" com a China, segundo o comunicado do vice-primeiro-ministro.

Wang e Muttaqi também discutiram a expansão dos "laços econômicos e políticos" entre os dois países, completou o Ministério das Relações Exteriores no Twitter.

Mina de cobre gigante

Eles também discutiram o setor de mineração no Afeganistão

Em 2007, a China já obteve a concessão da gigantesca mina de cobre Aynak, perto da capital afegã, por US$ 3 bilhões. Trata-se do segundo maior depósito do mundo.

Junto com o chefe da diplomacia chinesa, o enviado especial russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, também chegou a Cabul, onde se reunirá com autoridades talibãs, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

O Afeganistão vive uma grave crise financeira e humanitária, consequência do congelamento de bilhões de ativos no exterior e da interrupção abrupta da ajuda internacional fornecida ao país ao longo dos últimos 20 anos, e agora está retornando. 

A visita de Wang ocorre uma semana antes de uma reunião planejada em Pequim com os vizinhos do Afeganistão, entre eles o Paquistão, para discutir a concessão de ajuda ao novo governo talibã, assim como novos projetos econômicos. 

Para a China, uma administração estável e cooperativa em Cabul também abriria caminho para a expansão de seu enorme projeto de infraestrutura chamado Novas Rotas da Seda, ao qual o Afeganistão aderiu em 2016. 

O Talibã vê a China, por sua vez, como uma fonte crucial de investimento e de apoio econômico, seja diretamente, ou por meio do Paquistão. 

Ao contrário de várias potências ocidentais, a China manteve sua embaixada aberta em Cabul, e seu embaixador continua presente na capital afegã. 

Pequim repatriou 210 de seus cidadãos pouco antes de os talibãs tomarem a capital. Até agora, nenhum país reconheceu oficialmente o novo governo em Cabul.

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