Tarô pet: tutores procuram serviço de cartas para saber o que seus companheiros peludos pensam
Segundo taróloga, através das cartas, ela já descobriu maus tratos de um pet shop e até o desejo de um cachorro por um irmãozinho, como companhia
Já olhou para alguém e pensou: “O que está passando na cabeça dele”? E se esse alguém é um ser de quatro patas? Esse questionamento resume uma das maiores dúvidas da inseparável relação entre seres humanos e seus pets. A resposta pode estar na leitura das cartas de tarô, tendência que promete que tutores saibam se o peludo está feliz, ou se quer dizer algo importante.
A taróloga e astróloga Cinthia Zem — sobrenome herdado da família do pai — é uma das representantes desse nicho e divulga o serviço voltado aos pets a R$ 35 no Instagram (@nasmoirasdodestino), que tem quase 30 mil seguidores.
Aos 35 anos, a moradora de Piracicaba, no interior de São Paulo, conta que os cachorros representam 90% do público dessas leituras: além dos gatos, uma calopsita e um cavalo também já foram atendidos por ela. Pelas cartas, já descobriu maus tratos de um pet shop e até o desejo de um cachorro por um irmãozinho, como companhia.
Através da simbologia das 78 cartas do tarô, divididas em arcanos maiores e menores, Cinthia garante que dá para expressar quase 100% da experiência terrena. Ela realiza os atendimentos de maneira on-line e se conecta com os tutores de forma “energética e intuitiva” para conseguir se ligar aos bichos.
— Se a simbologia serve para humanos, por que não para pets também? — questiona a taróloga, que é “mãe de pet assumidíssima” e, a partir da própria experiência, buscou descobrir o que os gatos Juliano e Maria, e os cães Pequena e Téo, sentem.
Até hoje, todas as leituras que fez apontaram para uma relação de amor incondicional entre o bichinho e o tutor:
— Percebi que a preocupação em saber se o pet está bem não é só minha. Tento traduzir o que estão tentando falar para a gente.
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Por meio das redes sociais, ao consumir conteúdos esotéricos, a advogada Alice Capuxim, de 27 anos, que também é taróloga, deparou-se com a leitura de cartas para pets. A moradora de Niterói não pensou duas vezes e contratou o serviço para as cadelas Kira, de 3 anos, e Frida, 6.
— Elas aproveitaram para fazer exigências. Descobri que Frida gosta de água mais geladinha — diverte-se Alice, que começou a implementar mudanças na rotina, como dar mais atenção à caçula, já que Kira se sentia preterida em relação à irmã.
Outra surpresa para a jovem é um crush de Kira: a leitura das cartas revelou que ela tem uma paixão por outro cachorro, que encontra quando passeia. Até a ração, que custa R$ 300 (um saco de 10kg), foi comentada pelas cadelas, que acham a qualidade insuficiente.
As cartas também ajudam a explicar os propósitos das bichinhas na vida da tutora. Frida, por exemplo, chegou durante um quadro de depressão, em 2017, enquanto Kira foi adotada depois de ser rejeitada por outra família.
— A Frida veio para a minha vida para que eu me sentisse em um lar, que tinha um apoio. Já Kira é muito grata por eu ter tirado ela da outra casa, e que veio só para demonstrar amor — conta Alice, enquanto a pequena Kira se enrosca entre suas pernas, e Frida tenta lamber o repórter.
Alice lembra que também fez um jogo para consultar como estava a cachorrinha Vicky, que morreu em março deste ano, com 17 anos:
— Foi um conforto. A Cinthia explicou que ela estava com medo de morrer, e a eutanásia foi uma decisão correta, porque tinha dificuldade de desapegar da família.
Alice pretende desenvolver o próprio método para, ela própria, poder atender pets e, enquanto isso, já indicou o tarô para Amora, cadela de sua prima.