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Taylor Swift: estudo confirma que shows da cantora podem afetar a saúde mental dos fãs

Após seguidores da artista revelarem ter amnésia pós-show, especialistas afirmam que há uma explicação cientifica para essa "felicidade genuína"

A cantora e compositora americana Taylor Swift se apresenta na turnê 'Eras Tour'A cantora e compositora americana Taylor Swift se apresenta na turnê 'Eras Tour' - Foto: Suzanne Cordeiro/AFP

Após diversos fãs da cantora Taylor Swift relatar que estão sofrendo de “esquecimento pós-show”, ou “amnésia pós-show”, fenômeno em que as memórias se tornam nebulosas depois da pessoa comparecer à apresentação ao vivo de um artista, especialistas fizeram um estudo com cerca de 2 mil jovens de 14 a 25 anos mostrando que a música da artista realmente pode afetar a saúde mental das pessoas.

Alli Spotts-De Lazzer, terapeuta e especialista em saúde mental da Califórnia, participou de um grupo de discussão na Universidade do Kansas, EUA, que oferece um curso chamado A Sociologia de Taylor Swift. Segundo o especialista, parte da magia por trás da música de Taylor é o “senso de pertencimento” que os fãs sentem.

Ele ainda afirma que outro motivo por trás dessa felicidade genuína que muitas pessoas sentem, está relacionado aos vínculos intergeracionais. Muitas mulheres cresceram ouvindo Taylor e, agora, suas filhas escutam a cantora. O que faz famílias irem assistir ao show dela.

Outra questão são as letras das músicas que falam sobre força de vontade, poder feminino, enfrentamento, entre outros assuntos que podem ligar o emocional dos fãs. Taylor Swift não tem medo de falar sobre seus sentimentos e é conhecida por mapear relacionamentos com ex-amantes em sua música.

Segundo a pesquisa feita recentemente, cerca de 80% dos jovens acreditam que a música e os eventos ao vivo têm um impacto positivo no humor e no bem-estar geral. Quando os participantes foram questionados sobre quais artistas têm o efeito mais positivo em sua saúde mental, Taylor Swift ficou em primeiro lugar, com 32%, seguido por Ed Sheeran (28%).

As bases de fãs também foram citadas como tendo influência positiva. Quase 61% dos jovens concordam que esses grupos virtuais de fãs tem um impacto positivo no seu humor ou bem-estar.

Amnésia pós-show
Ao se levar em consideração a quantidade de aparatos pirotécnicos utilizados nas grandes apresentações, além das mudanças de figurino e extensas setlists, os shows trazem muitas informações para uma pessoa processar em pouco tempo.

O psicólogo e professor de Psicologia Cognitiva na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Carlos Eduardo Norte, aponta que essa sobrecarga sensorial atrapalha o fluxo de criação de novas memórias. Como a atenção do ser humano é seletiva, por ter uma capacidade máxima, o cérebro não dá conta de tantos estímulos ao mesmo tempo.

"O primeiro passo dessa jornada até ser formada a memória começa no senso de percepção, a informação chega aos nossos sentidos pela visão, audição, e a partir disso tem a nossa capacidade atencional, onde alocamos atenção pro estímulo. Se a informação é filtrada, o que vem de memória armazenada é o que vem depois desse filtro. Na memória a gente fala que existe a memória de curto prazo, a que mantém aquilo por alguns minutos, se a informação for muito importante ela dura, mas se não for, ela se perde" explica em entrevista recente ao Globo.

O fenômeno não se restringe apenas aos shows. Momentos que demandam emocionalmente do cérebro, como casamento, formatura ou nascimento dos filhos, tendem a ativar o sistema de memorização. Mas, devido à sobrecarga sensorial, pode vir uma sensação de “dar um branco” durante o momento e eventualmente, a perda da memória.

Especialistas dizem que a principal explicação para o fenômeno está nessa exacerbação dos sentimentos.

"Nessas situações, a gente observa uma hiperativação emocional. Devido a essa alta valência emocional, a forma que ele vai ter de codificar a emoção e guardá-la é diferente" pontua Carlos Eduardo.

Diferentes informações, estimulando diferentes sentidos da pessoa, também acabam dividindo a atenção. De acordo com o psicólogo, esse excesso de estímulos torna a atenção seletiva, que tende a filtrar mais o que entra para a consciência e o que não entra. Além disso, com a liberação da adrenalina, pelo estresse causado pela ansiedade, a pessoa entra em um estado de alerta. O cérebro, extremamente estimulado, não consegue transformar essas informações em memórias de longo prazo.

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