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Inteligência artificial

Tecnologia digital, aliada ou inimiga do combate ao aquecimento global?

Peter Clutton-Brock, co-fundador do Centro para a Inteligência Artificial e o Clima, alerta que a IA não é uma "solução milagrosa"

Inteligência artificialInteligência artificial - Foto: Pixabay

Desde a energia usada para fabricar um smartphone até a que permite enviar uma mensagem de e-mail, o vício global na internet, que representa 4% das emissões de CO2, tem repercussões no clima, mas também pode ajudar no combate ao aquecimento global.

Inteligência artificial

Entre os diversos pontos da agenda da COP26 está a preparação de um roteiro para usar a inteligência artificial (IA) contra o aquecimento global.

Se baseia na administração de grandes massas de dados em computadores, um processo de alto consumo energético.

Um estudo da Universidade de Massachusetts mostrou que a implementação de um único sistema de IA pode produzir praticamente cinco vezes as emissões de gás de efeito estufa de um veículo durante toda sua vida útil.

Mas a inteligência artificial também é capaz de otimizar as inúmeras atividades humanas para que consumam menos energia e recursos naturais.

A consultoria PWC afirma que com um uso maior da inteligência artificial em quatro áreas-chave da economia, entre elas a agricultura e o transporte, é possível reduzir as emissões globais em 4%.

Peter Clutton-Brock, co-fundador do Centro para a Inteligência Artificial e o Clima, alerta que a IA não é uma "solução milagrosa".

"Mas há várias aplicações muito interessantes e promissoras que estão aparecendo", reconheceu. 

A inteligência artificial pode prever quais são as áreas de maior risco de desmatamento ou fazer previsões melhores sobre o derretimento das geleiras.

Aplicativos e motores de busca

A pessoa que quiser revisar sua pegada de carbono possui vários aplicativos à sua disposição.

Com eles, é muito fácil saber quais serão as emissões produzidas por um deslocamento de carro ou avião, enquanto outros aplicativos permitem escanear diversos produtos para medir seus impactos ambientais.

O motor de buscas Ecosia, por sua vez, usa os lucros gerados pela sua atividade para financiar o plantio de árvores, com 135 milhões plantadas até agora.

Trabalho à distância

Será que o trabalho à distância durante a pandemia, que foi possível devido à internet e à digitalização, foi positivo para o meio ambiente? A resposta não é tão simples, segundo os pesquisadores.

De acordo com um estudo da Agência Internacional de Energia (AIE), se todos os trabalhadores de escritório do planeta trabalharem em casa uma vez por semana, as emissões de carbono poderiam diminuir em 24 milhões de toneladas por ano, o equivalente às emissões de Londres no mesmo período.

De forma geral, os trabalhadores que usam seus veículos para longas distâncias reduzem claramente suas emissões ao ficarem em casa, segundo a AIE.

Mas aqueles que têm um trajeto mais curto, de menos de 6 km, podem consumir mais energia se permanecerem em casa e usarem aquecedor, afirma a mesma fonte.

Centros de dados

Os centros de dados, esses gigantescos conjuntos de servidores que estão no coração da economia digital, representam um consumo elétrico muito significativo.

No entanto, segundo um estudo publicado pela revista Science, conseguiram promover avanços inesperados em questões de eficiência energética. Em 2018, seu gasto elétrico representava 1% do consumo mundial, apesar de uma demanda em plena expansão.

Os centros de dados avançam especialmente na redução de custos de resfriamento de seus servidores. Os mais eficientes atualmente em serviço usam cerca de 16% da eletricidade que consomem para resfriamento, em vez de 50% como há alguns anos.

A cidade inteligente

Segundo as Nações Unidas, as cidades respondem por 70% das emissões de gás de efeito estufa, o que torna o reforço de sua eficácia energética uma prioridade, especialmente porque a população urbana não para de crescer.

Os sensores e a inteligência artificial podem ser uma forma de ajudar a otimizar a climatização dos prédios, a iluminação pública, a circulação de veículos...

Um projeto piloto em Amsterdã, por exemplo, usa essas tecnologias para guiar os motoristas para locais de estacionamentos disponíveis, reduzindo o tempo de busca por um lugar.

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