CIÊNCIA

Telecirurgia: Médico opera paciente na China em feito inédito com IA e braço robótico

Operação, chamada de telecirurgia, foi transmitida ao vivo durante a conferência europeia Desafios em Laparoscopia e Robótica (CILR) e celebrada por especialistas

Médico na Itália opera a distância paciente na China em feito inéditoMédico na Itália opera a distância paciente na China em feito inédito - Foto: PLA/Divulgação

Na última semana, um cirurgião chinês que estava em Roma, na Itália, realizou uma telecirurgia a distância de um paciente que estava em Pequim, capital chinesa. O feito foi o primeiro transcontinental e transmitido ao vivo no mundo.

A operação foi conduzida pelo médico chinês Zhang Xu, diretor de urologia do Hospital Geral do Exército de Libertação Popular (PLA). Em comunicado, o exército informou que ela aconteceu durante a conferência europeia Desafios em Laparoscopia e Robótica (CILR) na capital italiana.

“A cirurgia explorou a interseção e a integração de novos conceitos e tecnologias, incluindo cirurgia robótica, comunicações remotas e inteligência artificial (IA)”, diz em nota.

O procedimento feito a distância foi uma prostatectomia radical, que consiste na retirada completa da próstata. Xu utilizou um console cirúrgico conectado remotamente a um conjunto de braços robóticos em Pequim, com a ajuda de uma rede 5G e conexões de fibra óptica.

“A telecirurgia é uma das mais importantes direções de desenvolvimento no futuro da cirurgia”, disse em comunicado. O console exibia em tempo real o paciente que estava sendo operado, enquanto o médico controlava os braços que realizavam a cirurgia.

Durante o procedimento, uma equipe médica, que contava com um cirurgião reserva, estava presente em Pequim, para caso fosse necessário interromper o uso da tecnologia.

— O maior problema da cirurgia remota é a comunicação e o fato de haver ou não atraso. A cirurgia de hoje basicamente não tem atraso e é quase igual à cirurgia no local — contou Xu ao canal militar da emissora estatal chinesa CCTV.

Segundo informações do South China Morning Post, jornal de Hong Kong, a distância total de comunicação entre o médico e o paciente foi de mais de 20 mil km, o que aumenta o risco de atraso, também chamado de latência.

No entanto, a conexão 5G chinesa utilizada conseguiu reduzir a latência para 135 milissegundos, menos do que a de 200 milissegundos que vários estudos identificaram como ideal para a telecirurgia.

De acordo com o Diário do Povo chinês, a equipe de Xu conduziu diversos testes com animais e operações menores em humanos antes de alcançar o feito na semana passada.

Vito Pansadoro, um dos diretores da conferência em Roma, na qual a operação foi transmitida ao vivo, disse à CCTV ter sido “realmente uma experiência histórica, um momento histórico”.

No X (antigo Twitter), Michael Stifelman, presidente de urologia do Centro Médico da Universidade de Hackensack, nos Estados Unidos, que estava na conferência, celebrou a operação bem sucedida:

“PRR (prostatectomia radical) sendo feito pelo cirurgião Xu Zhang em Roma com paciente em Pequim, China. A latência é de 125 Ms. Telecomunicações 5G. Parece que o cirurgião está na sala. O futuro é agora! A caixa de Pandora já foi aberta”, escreveu.

 

Também na plataforma, o médico Daniele Amparore, do departamento de Urologia do Hospital San Luigi Gonzaga, na Itália, comemorou o feito e disse que vai “além dos limites da tecnologia e da cirurgia robótica”. Já o consultor em Cirurgia Urológica do Instituto Urológico de Bristol, no Reino Unido, Ahmed Mahrous, disse ser algo “fascinante”.

 

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