Telescópio espacial James Webb abre seus olhos para o universo
As imagens foram zelosamente guardadas para garantir o suspense no momento da grande revelação
Os entusiastas do espaço prendem a respiração: o telescópio espacial James Webb, o mais potente de todos os tempos, revelará novas imagens impressionantes do universo na terça-feira (12), com uma clareza nunca vista antes.
Galáxias distantes, nebulosas brilhantes e um planeta gigante gasoso estão entre os alvos do observatório, informou a NASA (agência espacial americana), na sexta-feira (8).
As imagens foram zelosamente guardadas para garantir o suspense no momento da grande revelação.
"Estou ansioso para revelar esses segredos, isso será um grande alívio", disse à AFP Klaus Pontoppidan, astrônomo do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial (STSI), que supervisiona o telescópio.
O diretor da NASA, Bil Nelson, prometeu "a imagem mais profunda já tirada do nosso universo".
As capacidades infravermelhas do telescópio James Webb fazem dele um instrumento poderosamente único. Com isso, consegue atravessar nuvens de poeira cósmica e, ao mesmo tempo, detectar luz das primeiras estrelas, que se expandiram em longitudes de ondas infravermelhas, conforme fez o universo.
Esse fator permite que veja mais no passado do que qualquer outro telescópio, até um período próximo e posterior ao Big Bang, 13,8 bilhões de anos atrás.
"Quando vi as imagens pela primeira vez (...) aprendi três coisas sobre o universo que antes não sabia", reconheceu à AFP Dan Coe, astrônomo do STSI e especialista no universo primitivo. "Fiquei completamente deslumbrado", afirmou.
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Primeiros objetivos
Um comitê internacional decidiu que a primeira onda de imagens incluiria a Nebulosa Carina, uma enorme formação de nuvens de poeira e gás a 7.600 anos-luz de distância.
A Nebulosa Carina é famosa por seus pilares imponentes que incluem a "Montanha Mística", um pináculo de três anos-luz de distância capturado em uma imagem icônica pelo telescópio Hubble, o primeiro observatório espacial da humanidade.
Webb também realizou espectroscopia - análise de luz que revela informações detalhadas - em um planeta gigante gasoso chamado WASP-96 b, descoberto em 2014.
A cerca de 1.150 anos-luz da Terra, WASP-96 b tem cerca de metade da massa de Júpiter e orbita sua estrela em apenas 3,4 dias.
Nestor Espinoza, astrônomo do STSI, disse à AFP que o último exoplaneta a ser submetido à espectroscopia com os instrumentos disponíveis na época tinha um alcance muito limitado em comparação com o que Webb pode fazer.
"É como ter um quarto muito escuro e ter apenas um pequeno orifício para ver", comentou sobre a tecnologia anterior. Agora, com o Webb, "é como abrir uma janela enorm. Você pode ver todos os pequenos detalhes".
Milhões de km da Terra
Lançado da Guiana Francesa em dezembro de 2021, em um foguete Ariane 5, o telescópio James Webb orbita o Sol a uma distância de 1,6 milhão de quilômetros da Terra, em uma região do espaço conhecida como o segundo ponto de Lagrange.
Lá, permanece em uma posição fixa em relação à Terra e ao Sol, com um consumo mínimo de combustível, suficiente para correções de rumo.
Considerado uma maravilha da engenharia, o custo total do projeto é estimado em US$ 10 bilhões, tornando-se a plataforma científica mais cara já construída, igualada apenas pelo Grande Colisor de Hádrons da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN).
O espelho principal do Webb tem mais de 6,5 metros de largura e é composto por 18 segmentos folheados a ouro. A estrutura oferece a mesma estabilidade que uma câmera portátil precisaria para tirar as melhores fotos.
Charlie Atkinson, engenheiro-chefe de programa do telescópio espacial James Webb da Northrop Grumman, disse à AFP que o equipamento não oscila mais do que 17 milionésimos de milímetro.
Atkinson, que trabalha no programa desde 1998, disse: "Sabíamos que isso exigiria alguns dos melhores talentos do mundo, mas que era possível".
Após as primeiras imagens, astrônomos de todo mundo compartilharão o tempo no telescópio e farão projetos que serão apresentados para seleção de um júri anônimo para minimizar qualquer avaliação enviesada.
Graças ao seu lançamento eficiente, a NASA estima que o propulsor de Webb possa ter uma vida útil de 20 anos, período durante o qual trabalhará ao lado dos telescópios Hubble e Spitzer para responder às questões fundamentais do cosmos.