Tempestade histórica deixa 16 mortos e cerca de 100 desaparecidos em Bahía Blanca, na Argentina
Cerca de mil pessoas permanecem em abrigos improvisados
A cidade argentina de Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, segue em estado de emergência após ser atingida por uma tempestade histórica na semana passada que deixou, até o momento, 16 mortos e cerca de 100 desaparecidos.
Equipes de resgate continuaram nesta segunda-feira as buscas por sobreviventes enquanto moradores tentam se reerguer em meio à destruição.
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O temporal, considerado o pior já registrado na cidade costeira de 350 mil habitantes, localizada a 600 km ao sul de Buenos Aires, causou inundações catastróficas e danos estimados em US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões).
Cerca de mil pessoas permanecem em abrigos improvisados.
Entre os desaparecidos estão duas irmãs, de 1 e 5 anos, arrastadas pela correnteza junto com a mãe, que sobreviveu.
Neste domingo, foi encontrado o corpo de um homem que tentou socorrê-las. De acordo com o ministro da Segurança de Buenos Aires, Javier Alonso, as meninas são as únicas oficialmente registradas como desaparecidas pela promotoria.
As autoridades acreditam que muitos dos desaparecidos podem estar vivos, mas sem contato com familiares.
A força-tarefa mobilizou 200 bombeiros para as operações de limpeza e quase 800 policiais para reforçar a segurança, devido ao risco de saques.
Caos e destruição
Enquanto a água recua, o cenário de destruição se agrava. Ruas estão cobertas de entulho, móveis destruídos e veículos empilhados pela força das águas.
Segundo as autoridades, 269 escolas foram afetadas: das primeiras 100 avaliadas, 32 não sofreram danos, 45 é necessário fazer limpeza e 23 têm danos graves e precisarão de obras.
Moradores relatam que a tempestade começou na sexta-feira, por volta das 3h30, provocando rapidamente o transbordamento de canais e o alagamento de ruas.
— Foi terrível porque a água começou a subir, todas as ruas do centro ficaram alagadas. Quando a chuva diminuiu um pouco, ao meio-dia, começou a chegar a água marrom — relatou Guillermo Busteros, que mora a 3 km do canal Maldonado, um dos mais afetados. — Ainda não há ônibus, não há bancos e, se você precisa comprar algo, tem que pagar em dinheiro porque o sistema não funciona.
Já Pamela Pacheco, outra moradora, teme que a recuperação seja lenta.
— Já tivemos uma tempestade de vento, depois uma queda de granizo tremenda e agora essa inundação. Sinceramente, não há casa que resista. Na periferia, a maioria são casinhas muito precárias, e algumas hoje já não existem — disse.
Ajuda humanitária
Diante da tragédia, clubes de futebol e organizações civis lançaram campanhas para arrecadar doações.
O governo decretou três dias de luto nacional e autorizou um auxílio emergencial de 10 bilhões de pesos (cerca de R$ 52 milhões) para ajudar na reconstrução.
O Papa Francisco, hospitalizado no Vaticano por pneumonia, enviou condolências às vítimas e disse estar “próximo ao sofrimento das vítimas de Bahía Blanca”.
O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, classificou o desastre como “uma catástrofe sem precedentes”.