Tempestade solar pode causar interrupções na rede elétrica e provocar auroras polares
A nova tempestade, que segundo as previsões deve durar todo o fim de semana, ocorre em um momento em que o Sol está se aproximando do pico de um ciclo de 11 anos de atividade intensificada
Uma enorme tempestade solar que se aproxima da Terra poderia causar, a partir desta sexta-feira (10), interrupções na rede de energia, nas comunicações por satélite e provocar auroras polares incomuns, informaram as autoridades estadunidenses.
Espera-se que as ejeções de massa coronal (CMEs, na sigla em inglês), grandes emissões de plasma e campos magnéticos do Sol, cheguem entre sexta-feira e sábado, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Leia também
• EUA e China concordam em organizar cúpula sobre gás metano durante a COP29
• EUA veem ''indícios'' de que Israel não seguiu regras de combate em Gaza, mas evitam acusar país
A nova tempestade, que segundo as previsões deve durar todo o fim de semana, ocorre em um momento em que o Sol está se aproximando do pico de um ciclo de 11 anos de atividade intensificada.
"Alertamos todos os nossos operadores de infraestrutura com os quais costumamos coordenar, como operadores de satélites, de comunicação... e claro, a rede de energia na América do Norte", disse o especialista em meteorologia espacial Shawn Dahl aos jornalistas.
A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, no entanto, afirmou que "não antecipa nenhum impacto significativo no sistema de espaço aéreo do país".
Ao contrário das erupções solares, que viajam à velocidade da luz e são capazes de alcançar a Terra em oito minutos, as CMEs viajam a um ritmo mais lento, de 800 km por segundo.
Os meteorologistas esperam poder precisar melhor o impacto que terão quando estiverem a uma distância de 1,6 milhão de km.
Os campos magnéticos associados às tempestades geomagnéticas induzem correntes nos condutores longos, incluindo os cabos de energia, podendo provocar apagões.
Em outubro de 2003, tempestades geomagnéticas "extremas" causaram apagões na Suécia e danificaram transformadores de energia na África do Sul.
Também podem ocorrer impactos na comunicação por rádio de alta frequência, GPS, em espaçonaves e satélites.
Auroras
Mas também podem trazer outros efeitos, como a aparição de auroras polares - conhecidas como auroras boreais ou austrais, dependendo do hemisfério - em lugares onde normalmente não são visíveis.
Mathew Owens, professor de física espacial na Universidade de Reading, disse à AFP que os efeitos serão sentidos principalmente nas latitudes norte e sul do planeta. O alcance exato dependerá da força final da tempestade.
"O norte do Canadá, a Escócia e lugares desse tipo terão boas auroras; acredito que podemos afirmar isso com segurança", afirmou, acrescentando que a situação pode se repetir no hemisfério sul.
"Meu conselho é que saiam esta noite e olhem, porque se virem a aurora, é algo espetacular", continuou.
Nos Estados Unidos, esse fenômeno poderia ser observado na região mais ao norte de estados como Califórnia e Alabama.
Brent Gordon, dos serviços meteorológicos espaciais da NOAA, sugere que as pessoas tentem tirar fotografias noturnas com seus celulares, mesmo que a aurora não seja visível a olho nu. "Você se surpreenderia com o que pode ser visto na foto" capturada com os celulares mais modernos, afirmou.
As autoridades recomendam à população que siga as medidas padrões diante de possíveis apagões, como ter em mãos lanternas, baterias e rádios meteorológicos.
A maior tempestade solar registrada é o "evento de Carrington", de 1859: destruiu a rede telegráfica nos Estados Unidos, provocou descargas elétricas e a aurora boreal foi visível em latitudes inéditas, até a América Central.