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Coronavírus

Tendência é da Covid-19 se tornar uma doença endêmica

Vírus de infecção de vias aéreas geralmente mantêm grau de imunidade por um tempo

Teste de coronavírusTeste de coronavírus - Foto: Sajjad Hussain/AFP

Na última segunda-feira (8), o secretário estadual de Saúde, André Longo, declarou que alguns estudos apontam a possibilidade de o novo coronavírus (Sars-CoV-2) não desaparecer e a Covid-19 se tornar uma doença endêmica. A mesma hipótese foi levantada há menos de um mês pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo o gestor, esta nova fase da enfermidade pode ocorrer sobretudo em países em desenvolvimento como o Brasil. Uma das razões seria a dificuldade de acesso a tratamentos por parte da população carente. Contudo, especialistas ponderam que inicialmente não há motivo para preocupação. 

De acordo com o infectologista Filipe Prohaska, a endemia não tem relação com a quantidade de pessoas doentes, mas a população passa a conviver constantemente com a doença. Ou seja, ela se manifesta com frequência em determinadas regiões, geralmente provocada por circunstâncias ou causas locais, como acontece com o sarampo no Norte do país. “Vamos ter um pico agora, como aconteceu em 2009 com o H1N1. Vai ter tanta gente em contato com o vírus que vai desencadeando defesa naturalmente e depois ele vai ficar endêmico. Ou seja, tendo só alguns casos em algumas pessoas”, disse o médico.

Ainda segundo Prohaska, teoricamente não há motivo para preocupação, pois se uma doença se tornar endêmica só é preciso ter um melhor controle com vacinação, por exemplo. “É uma tendência do vírus, mas isso vai depender da capacidade dele se adaptar ao ambiente”, disse o especialista, que é chefe de triagem do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), referência no tratamento de pacientes com Covid-19 em Pernambuco. Como forma de prevenção à doença, novos hábitos foram inseridos ao nosso cotidiano, como uso de máscara, higienização constante das mãos e distanciamento social.

Para o infectologista Gabriel Serrano, não teremos que conviver por muito tempo com estas medidas. “A gente vai precisar lidar com essas recomendações até que tenhamos uma porcentagem de pessoas imunizadas, seja porque vão se infectar ou por conta da criação de uma vacina”, disse. O médico afirma que o fato de ser endêmica significa apenas que a Covid-19 vai se manter em poucos casos e não terá o mesmo impacto que vemos hoje no mundo. “Devemos nos preocupar no que fazer para isso não acontecer, vacinar mais pessoas e manter as pessoas fazendo as medidas preventivas até lá”, falou.

Profissional do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), outra unidade referência para o tratamento da Covid-19 no Estado, Serrano citou como exemplo o sarampo para falar sobre a importância da vacina. Ele afirma que ao imunizar 90% da população, os outros 10% ficam protegidos. O médico comenta que mesmo surgindo uma vacina o Sars-Cov-2 pode mudar, assim como ocorre com o H1N1. Ou seja, nada garante que haverá um rápido controle da doença. “Esses vírus de infecção de via aérea normalmente mantêm um grau de imunidade durante um tempo. Esse tempo é que a gente não sabe ainda”, falou.

A unanimidade entre os especialistas é que a dinâmica do novo coronavírus e da Covid-19 é muito nova e ainda precisa de muitos estudos. Outra certeza é que alguns hábitos sociais precisarão ser incorporados de vez em nosso cotidiano. “Caso a doença fique endêmica os idosos sempre vão ficar expostos. Então, vamos ter que redobrar sempre os cuidados de higiene e etiqueta respiratória”, disse Filipe Prohaska, acrescentando que os cuidados com a Covid-19 evitaram surtos de conjuntivite e meningite, que normalmente ocorrem neste período do ano.

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