Tensão aumenta em Gaza após operação de Israel que deixou 11 mortos na Cisjordânia
O exército israelense afirmou que a incursão foi uma operação "antiterrorista" contra suspeitos envolvidos em ataques armados na Cisjordânia
As forças de Israel e grupos armados palestinos na Faixa de Gaza entraram em conflito nesta quinta-feira (23), com lançamentos de foguetes e mísseis, um dia depois da operação israelense mais letal na Cisjordânia desde 2005.
Onze palestinos, incluindo um adolescente de 16 anos, morreram na quarta-feira e mais de 80 foram feridos por tiros durante a incursão israelense em Nablus, segundo o ministério da Saúde palestino.
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Em um roteiro recorrente, a operação recebeu uma reposta a partir da Faixa de Gaza, com disparos de foguetes contra o território de Israel, que em seguida optou por bombardeios aéreos contra este território sob controle do movimento islamita Hamas desde 2007.
Inicialmente não foram registradas vítimas neste conflito, que ocorre quase dois meses após a posse de um novo governo em Israel, considerado o mais direitista da história do país.
Liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o governo é formado principalmente por defensores de uma linha dura contra os palestinos.
Após a operação em Nablus, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lamentou que a situação seja "a mais explosiva em anos" neste território ocupado por Israel desde 1967.
"Nossa prioridade imediata deve ser evitar uma nova escalada, reduzir as tensões e restaurar a calma", disse Guterres.
"Uma zona de guerra"
Após o ataque israelense a Nablus, o ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein al-Sheikh, denunciou um "ato criminoso premeditado e bárbaro" e pediu à comunidade internacional uma intervenção imediata.
O exército israelense afirmou que a incursão foi uma operação "antiterrorista" contra suspeitos envolvidos em ataques armados na Cisjordânia e que neutralizou três deles.
Segundo o exército, seus homens foram atingidos por pedras, artefatos explosivos e coquetéis molotov, mas não sofreram baixas.
Por sua vez, o ministério palestino indicou que as vítimas mortais tinham entre 16 e 72 anos. A Cova dos Leões, um grupo armado em Nablus, disse que seis dos mortos eram membros de diferentes facções palestinas.
Além disso, o ministério afirmou que 82 pessoas foram baleadas e, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino, 250 pessoas foram tratadas por inalação de gás.
"O que aconteceu em Nablus ontem foi um verdadeiro massacre como nunca vi antes", disse à AFP Allam Ennab, cujo irmão Anan, de 66 anos, morreu durante a noite devido à inalação de gás lacrimogêneo.
Qassem Daghlas, diretor do hospital Rafidia de Nablus, disse à AFP que quatro feridos ainda estão em tratamento intensivo.
Segundo o diretor desta unidade, Talaat Ziada, o paciente mais novo era um menino de 11 anos que foi baleado no estômago e na perna.
"Corredores e escadas estavam cobertos de sangue e as pessoas se espremiam para checar seus parentes", explicou à AFP.
Em Nablus e outras cidades da Cisjordânia, mas também em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, as lojas pareciam fechadas na manhã desta quinta-feira devido a uma greve geral, informaram os jornalistas da AFP.
Operações "antiterroristas"
Desde o início do ano, o conflito já matou 61 palestinos (incluindo membros de grupos armados e civis, entre eles menores de idade), um policial e nove civis israelenses (incluindo três menores) e uma mulher ucraniana, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais de ambos os lados.
Nesta quinta-feira, o ministério da Saúde palestino anunciou a morte de um homem de 30 anos baleado no início deste mês em Jenin, no norte da Cisjordânia.
A tensão também se deslocou para Gaza. Na madrugada desta quinta-feira, seis foguetes foram disparados do território para Israel, cinco deles interceptados pelo sistema antiaéreo, disse o exército israelense.
Os disparos foram reivindicados pelo grupo palestino Jihad Islâmica.
Por sua vez, Israel executou ataques aéreos contra vários alvos em Gaza, incluindo "uma fábrica de produção de armas" e um "campo militar" pertencente ao Hamas.
As forças israelenses executamm há quase um ano operações apresentadas como "antiterroristas" em busca de "suspeitos" na Cisjordânia, principalmente em Jenin e Nablus, redutos de grupos armados.