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Terapias online permitiram que pacientes continuassem acompanhamento psicológico durante pandemia

De acordo com uma pesquisa feita pela UERJ, na pandemia, os casos de transtorno depressivo subiram 90%

Online ou presencial, o importante é dar continuidade ao acompanhamento psicológicoOnline ou presencial, o importante é dar continuidade ao acompanhamento psicológico - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

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É durante o mês de setembro que a preocupação com a saúde mental costuma ganhar mais destaque, por conta do Setembro Amarelo. No entanto, desde que a pandemia de Covid-19 impôs uma nova realidade, como o isolamento social, essa atenção ao bem-estar da mente se tornou constante.

O Brasil, que já era o país mais ansioso do mundo antes mesmo da pandemia, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), viu o número de casos de transtorno depressivo dar um salto de 90%, conforme apontou um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Necessitando de acompanhamento psicológico para lidar com as mudanças comportamentais, mas sem poder sair de casa, as terapias online figuraram como uma alternativa. 

Vantagens e adaptação

E, mesmo agora, com o retorno da maioria das atividades presenciais, o modelo remoto de consulta dispõe de vantagens que agradam a maior parte dos pacientes. É a análise feita pela psicóloga e pós-graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental Laise Vasconcelos. "Durante a pandemia, todos os meus atendimentos foram feitos de forma virtual. Agora, alguns preferiram voltar para o presencial, mas a maioria optou por permanecer com as sessões online", afirmou Laise.

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Para a profissional, uma das principais vantagens é a otimização do tempo, além da questão da distância física, que deixa de existir. No entanto, com os benefícios, surgem também os desafios, e a adaptação inicial foi complicada, já que precisou transformar a própria casa em um consultório acolhedor. "Tudo para mim foi novo. Vivenciei, junto ao paciente, toda a adaptação", disse a especialista. Um outro desafio mencionado pela psicóloga foi a forma de avaliação e acolhimento. "No presencial eu posso oferecer um café ou chá, um abraço — quando podíamos abraçar —, um lenço para enxugar as lágrimas, além de ser mais fácil para observar o movimento do paciente. Já no online, eu precisei estar mais atenta às expressões deles. Tive que modificar algumas atividades e técnicas, aguçar mais minha escuta e olhar", completa.

Laise retomou os atendimentos presenciais, mas a maioria dos pacientes optou por permanecer no modelo remotoLaise retomou os atendimentos presenciais, mas a maioria dos pacientes optou por permanecer no modelo remoto | Foto: Folha de Pernambuco

Continuidade do acompanhamento

O estudante Eduardo Matheus, 25, foi uma das pessoas que sentiu a necessidade de buscar atendimento psicológico durante a pandemia. Enfrentando um momento complicado, ele iniciou o acompanhamento por meio das consultas online e percebeu o resultado. "Ela (a psicóloga) apagou o foco de um incêndio", define Eduardo. Atualmente, ele não se enxerga mais longe da terapia. "É o meu compromisso semanal. Sinto que preciso. Lido com questões internas e melhoro a minha relação comigo mesmo. vi resultado, tanto no online como no presencial", completou.

Independentemente da forma que seja realizada, seja remota ou presencial, o importante, para a psicóloga, é a terapia continuar. "A pandemia veio causando muitos danos e foi um momento muito propício para o cuidado com a saúde mental. Além da crescente ansiedade, o medo da morte, da contaminação, as pessoas passaram a lidar com perdas de entes queridos, instabilidade econômica, sem deixar de ressaltar os impactos da quarentena. São muitas nuances e complexidades, e isso desestabiliza. De alguma forma todos nós fomos afetados", enfatiza Laise.

"Nesse tempo, pude refletir que quando compartilhamos nossos sofrimentos e angústias, a dor talvez não diminua, mas podemos torná-la suportável. Li em um livro uma frase que dizia o seguinte: 'pior do que sofrer, é sofrer sozinho'. As pessoas precisam buscar ajuda. Ser vulnerável é ser corajoso, é isso que nos faz humano", conclui.

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