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VÁRZEA

Vizinho destrói área de convivência de terreiro de candomblé na Zona Oeste do Recife

"Agressão contra o povo de terreiro", denunciou a vereadora Cida Pedrosa

Homem foi denunciado por depredação e injúriaHomem foi denunciado por depredação e injúria - Foto: X/Reprodução

Um homem depredou objetos em uma área de convivência do terreiro Ilê Axé Oyá Igbalé Funan, localizado no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife. Ele foi autuado por depredação e injúria, segundo a Polícia Civil de Pernambuco. 

O vídeo, gravado na manhã quarta-feira (3), mostra as imagens do homem destruindo jarros de plantas e um banco feito de concreto e pneus foi compartilhado pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB). Ela classificou o caso como "agressão contra o povo de terreiro" e intolerância religiosa. 

Nas imagens, é possível ver o homem, identificado apenas como Tiago, usando uma marreta para destruir os objetos. A pessoa que grava o vídeo pergunta ao homem se ele quer resolver a situação dessa forma. Assista:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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"Olha aí, tá quebrando as coisas aqui com marreta. Quebrando as coisas do vizinho, tá vendo? Você tá vendo aí, quebrando tudo. É assim que tu quer reagir? É assim, Tiago?", fala o autor da filmagem. 

A voz de outra pessoa surge ao fundo afirmando que a situação deverá ser resolvida em uma delegacia. 

Nas redes sociais, a vereadora Cida Pedrosa chamou as cenas de destruição no terreiro de absurdo. "Me solidarizo com as vítimas. Irei oficiar as autoridades competentes", declarou.

Em publicação feita nesta quinta-feira (4) no Instagram, o terreiro falou sobre a situação. "Qual o mal em querer criar um lugar de convivência para as crianças de nossa comunidade com uma geladoteca (geladeira de livros) e um jardim agradável? Nosso espaço não tira o direito de ir e vir, diz trecho do texto.

"Somos pessoas de paz, só queremos o crescimento de nossa comunidade. Esse homem e a mulher dele tentaram destruir nosso sonho, mas não vão conseguir", acrescenta a publicação.

Terreiro lamenta
Consternada, a ialorixá Elaine Torres, de 55 anos, que está à frente da casa de tradição nagô, conversou com a reportagem da Folha de Pernambuco.

A religiosa explicou que o homem é proprietário de um terreno, ao lado do terreiro, que está em construção há, pelo menos, seis meses. Ele estaria incomodado porque a área de convivência estaria perto de uma garagem que teria construído.

O suspeito seria evangélico pentecostal e, ainda de acordo com Elaine, durante o ato de depredação, teria afirmado que o lugar iria ser dedicado a "marginais".

A mãe de santo alega que, mesmo diante destas cenas, vai continuar a missão de cuidar das crianças do entorno, ainda que essa atitude lhe traga danos.

"O posicionamento da casa de axé é de não desistir dessa área. É um povo que não faz mal a ninguém, que não tira o direito de ir e vir de ninguém. A gente sempre faz as coisas pensando na comunidade", comentou ela.

O entorno da instituição religiosa é pouco iluminado e não possui qualquer ponto de luz. Para tentar minimizar os transtornos, a casa Ilê Axé Oyá Igbalé Funan instalou um ponto com luzes de LED para ajudar quem transita pelo local durante a noite.

"A luz que ilumina o beco, à noite, é da casa de axé. A capinação da área e a pintura dos muros são feitas pelas nossas pessoas", finalizou, ainda abalada.

O que diz a PCPE?
A Polícia Civil de Pernambuco segue investigando o caso, registrado por meio da Central de Plantões da Capital (Ceplanc). 

"As investigações foram iniciadas e seguem em andamento até a completa elucidação do caso", afirmou a corporação.

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