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Israel x Hamas

"Terrorismo", "insanidade" e morte de inocentes: relembre reações de Lula à guerra no Oriente Médio

Presidente voltou a criticar reação israelense ao ataque do Hamas nesta terça-feira (14); equiparação entre ação militar e ataque do Hamas provocou reação na segunda (13)

Lula recepciona brasileiros repatriados de GazaLula recepciona brasileiros repatriados de Gaza - Foto: Ricardo Stuckert / PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou a ira da comunidade judaica no Brasil ao equiparar o ato terrorista executado pelo Hamas contra Israel, em 7 de outubro, à reação israelense na Faixa de Gaza— na fala mais recente a revelar a dificuldade do governo de se chegar a um discurso atento a todos os interesses sobre a mesa.

Em uma live na manhã desta terça-feira, o presidente reiterou o que havia falado na noite de segunda, quando chamou de terrorismo a reação de Israel ao ataque do Hamas. Ao receber o grupo resgatado pelo Brasil, que desembarcou em Brasília, Lula chamou as ações de Israel de desumanas e brutais.

"Nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana contra inocentes. Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo, o Estado de Israel também está cometendo um ato de terrorismo" disse o presidente na segunda-feira.

Nesta terça, Lula retomou os termos utilizados na segunda:

"É por isso que eu disse ontem que a atitude de Israel com relação às crianças e com relação às mulheres é igual ao terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se eu sei que está cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro que eu não posso matar as crianças porque eu quero matar os monstros. Eu tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim" afirmou durante a transmissão on-line.

Mesmo antes da chegada do grupo de brasileiros, palestinos residentes no Brasil e parentes, o presidente já havia indicado que uma condenação a Israel faz parte do posicionamento do governo. Durante a cerimônia de sanção do texto que atualizou a Lei de Cotas no Brasil, na tarde de segunda-feira, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a "solução" israelense para a agressão do Hamas foi tão grave quanto o ataque terrorista, e sugeriu que os alvos preferenciais em Gaza estariam sendo crianças — o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que 11,2 mil pessoas, incluindo 4,6 mil menores de idade, morreram no território.

"Eu nunca tinha sabido de notícias de que crianças fossem vítimas preferenciais em uma guerra. A quantidade de mulheres e crianças que já morreram, e a quantidade de crianças desaparecidas a gente não tem conhecimento em outra guerra. Nessa guerra, sabe, depois do ato provocado, e eu digo ato de terrorismo do Hamas, que provocou um ato. As consequências, a solução do Estado de Israel é tão grave quanto foi a do Hamas" disse o presidente. "Porque eles [Israel] estão matando inocentes, sem nenhum critério. Jogar bomba onde tem crianças, onde tem hospital, sob pretexto de que um terrorista está lá, não tem explicação. Primeiro vamos salvar as crianças e as mulheres, aí depois faz a briga com quem quiser fazer."

Embora as falas após a retirada dos brasileiros e familiares de Gaza tenham sido as mais duras proferidas por Lula sobre Israel, não foi a primeira vez que o presidente condenou as ações israelenses contra o enclave palestino.

Em 24 de outubro, Lula já havia afirmado que o ataque terrorista do Hamas não justificaria a morte de inocentes em Gaza. No mesmo pronunciamento, o presidente criticou a organização do Conselho de Segurança da ONU e seu poder de veto, ao criticar a falta de conversas sobre paz.

"Não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel, que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade. Não é possível. Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. OS EUA poderia ter uma interferência maior. Mas as pessoas não querem, as pessoas querem guerra" disse.

Antes, Lula classificou como "insana" e "irracional" a guerra entre Hamas e Israel, bem como conflitos pelo mundo que vitimam crianças e jovens, citando a guerra na Ucrânia como exemplo.

"Eu fico lembrando que 1,5 mil crianças já morreram na Faixa de Gaza. 1,5 mil crianças que não pediram pro Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo atacando Israel. Também não pediram que Israel reagisse de forma insana e matasse eles. Exatamente aqueles que não tem nada a ver com a guerra, que só querem viver, que querem brincar, que não tiveram direito de ser criança" manifestou-se em sua primeira aparição após uma cirurgia.

O presidente ainda completou, na oportunidade:

"Queria aproveitar, em nome das crianças vivas do nosso país, queria prestar solidariedade às crianças que já morreram na guerra da Rússia e Ucrânia, e que estão morrendo nessa luta insana entre Hamas e estado de Israel. Não é possível tanta irracionalidade, não é possível tanta insanidade, que as pessoas façam uma guerra tendo em conta de que as pessoas que estão morrendo são mulheres, pessoas idosas, crianças, que não estão no sequer o direito de viver."

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