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Estudo

Teste do labirinto: formigas superam humanos em experimento sobre inteligência em grupo

Estudo foi registrado em vídeos e viralizou nas redes sociais nesta semana

Experimento foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)Experimento foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) - Foto: T. Dreyer, A. Haluts, A. Korman, N. Gov, E. Fonio, & O. Feinerman/PNAS, 2024

Formigas e humanos são criaturas conhecidas por cooperarem em grupo para transportar cargas maiores que elas mesmas.

Diante da semelhança, o professor Ofer Feinerman e sua equipe no Instituto de Ciências Weizmann, situado em Rehovot, Israel, liderados pela pesquisadora Tabea Dreyer, lançaram uma dúvida:

"Quem será melhor em manobrar uma grande carga por um labirinto?".

Para responder ao questionamento, os pesquisadores criaram uma competição para avaliar a inteligência em grupo.

O experimento, divulgado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, foi registrado em vídeos e viralizou nas redes sociais nesta semana.

Segundo o documento, trata-se de um um problema comum, bastante usado nos campos de planejamento de movimento e robótica, e que lida com possíveis maneiras de mover um objeto de formato incomum do ponto A ao ponto B em um ambiente complexo.

Detalhes do experimento
Os pesquisadores desenvolveram dois conjuntos de labirintos, que se diferiam apenas em tamanho, para corresponder às dimensões de formigas e humanos.

Neles, os participantes voluntários receberam um grande objeto em formato de T, que tiveram que manobrar.

 Formigas e humanos competem para manobrar uma carga em forma de T em um labirintoTeste foi registrado em vídeo | Foto: T. Dreyer, A. Haluts, A. Korman, N. Gov, E. Fonio, & O. Feinerman/PNAS, 2024

Já as formigas, da espécie Paratrechina longicornis, que possuem longas antenas, cerca de 3 mm de comprimento, foram enganadas a pensar que a carga no mesmo formato era um alimento que levariam para o ninho. A pequena arena deles foi construída por impressão 3D. 

As formigas enfrentaram o desafio do labirinto em três combinações: uma única formiga, um pequeno grupo de cerca de sete formigas e um grande grupo de cerca de 80.

Os humanos lidaram com a tarefa em três combinações paralelas: uma única pessoa, um pequeno grupo de seis a nove indivíduos e um grande grupo de 26.

Para tornar a comparação a mais significativa possível, grupos de humanos foram, em alguns casos, instruídos a evitar a comunicação por meio de fala ou gestos e a segurar a carga apenas pelas alças, para simular a maneira como ela é segurada pelas formigas.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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No desafio individual, segundo o experimento, os humanos recorreram ao planejamento estratégico e calculado, superando facilmente as formigas. No desafio do grupo, no entanto, a situação foi diferente, especialmente para os grupos maiores.

"Grupos de formigas agiram juntos de forma calculada e estratégica, exibindo memória coletiva que os ajudou a persistir em uma direção específica de movimento e evitar erros repetidos. Os humanos, ao contrário, falharam em melhorar significativamente seu desempenho ao agir em grupos", destaca o estudo.

Para o professor Ofer Feinerman, a colônia de formigas é uma família em que todas são irmãs, compartilham os mesmos interesses e agem em cooperação.

"Mostramos que formigas agindo em grupo são mais inteligentes, que, para elas, o todo é maior do que a soma de suas partes. Em contraste, formar grupos não expandiu as habilidades cognitivas dos humanos. A famosa 'sabedoria da multidão', que se tornou tão popular na era das redes sociais, não veio à tona em nossos experimentos", destacou o professor.

O estudo aponta que grandes grupos de formigas exibem persistência emergente, o que expande sua caixa de ferramentas cognitivas para incluir a memória de curto prazo.

Com isso, a memória da direção atual do movimento é temporariamente armazenada no estado coletivo ordenado das formigas transportadoras. "Assim, a memória coletiva é uma característica emergente e não um traço individual", analisam os pesquisadores.

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