Teste do labirinto: formigas superam humanos em experimento sobre inteligência em grupo
Estudo foi registrado em vídeos e viralizou nas redes sociais nesta semana
Formigas e humanos são criaturas conhecidas por cooperarem em grupo para transportar cargas maiores que elas mesmas.
Diante da semelhança, o professor Ofer Feinerman e sua equipe no Instituto de Ciências Weizmann, situado em Rehovot, Israel, liderados pela pesquisadora Tabea Dreyer, lançaram uma dúvida:
"Quem será melhor em manobrar uma grande carga por um labirinto?".
Para responder ao questionamento, os pesquisadores criaram uma competição para avaliar a inteligência em grupo.
O experimento, divulgado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, foi registrado em vídeos e viralizou nas redes sociais nesta semana.
Segundo o documento, trata-se de um um problema comum, bastante usado nos campos de planejamento de movimento e robótica, e que lida com possíveis maneiras de mover um objeto de formato incomum do ponto A ao ponto B em um ambiente complexo.
Detalhes do experimento
Os pesquisadores desenvolveram dois conjuntos de labirintos, que se diferiam apenas em tamanho, para corresponder às dimensões de formigas e humanos.
Neles, os participantes voluntários receberam um grande objeto em formato de T, que tiveram que manobrar.

Já as formigas, da espécie Paratrechina longicornis, que possuem longas antenas, cerca de 3 mm de comprimento, foram enganadas a pensar que a carga no mesmo formato era um alimento que levariam para o ninho. A pequena arena deles foi construída por impressão 3D.
As formigas enfrentaram o desafio do labirinto em três combinações: uma única formiga, um pequeno grupo de cerca de sete formigas e um grande grupo de cerca de 80.
Os humanos lidaram com a tarefa em três combinações paralelas: uma única pessoa, um pequeno grupo de seis a nove indivíduos e um grande grupo de 26.
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Para tornar a comparação a mais significativa possível, grupos de humanos foram, em alguns casos, instruídos a evitar a comunicação por meio de fala ou gestos e a segurar a carga apenas pelas alças, para simular a maneira como ela é segurada pelas formigas.
No desafio individual, segundo o experimento, os humanos recorreram ao planejamento estratégico e calculado, superando facilmente as formigas. No desafio do grupo, no entanto, a situação foi diferente, especialmente para os grupos maiores.
"Grupos de formigas agiram juntos de forma calculada e estratégica, exibindo memória coletiva que os ajudou a persistir em uma direção específica de movimento e evitar erros repetidos. Os humanos, ao contrário, falharam em melhorar significativamente seu desempenho ao agir em grupos", destaca o estudo.
Para o professor Ofer Feinerman, a colônia de formigas é uma família em que todas são irmãs, compartilham os mesmos interesses e agem em cooperação.
"Mostramos que formigas agindo em grupo são mais inteligentes, que, para elas, o todo é maior do que a soma de suas partes. Em contraste, formar grupos não expandiu as habilidades cognitivas dos humanos. A famosa 'sabedoria da multidão', que se tornou tão popular na era das redes sociais, não veio à tona em nossos experimentos", destacou o professor.
O estudo aponta que grandes grupos de formigas exibem persistência emergente, o que expande sua caixa de ferramentas cognitivas para incluir a memória de curto prazo.
Com isso, a memória da direção atual do movimento é temporariamente armazenada no estado coletivo ordenado das formigas transportadoras. "Assim, a memória coletiva é uma característica emergente e não um traço individual", analisam os pesquisadores.