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SAÚDE

Testes mostram aumento na transmissão de vírus respiratório em crianças de até 9 anos

Ao analisar 528.393 testes de diagnóstico, verificou-se que a taxa de positividade do VSR aumentou de 0,5% em fevereiro para 5,2% na semana de 6 a 12 de março

Vacinação infantil em PaulistaVacinação infantil em Paulista - Foto: Divulgação/Prefeitura de Paulista

Levantamento feito pelo Instituto Todos pela Saúde mostra que a transmissão do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por resfriados que podem desencadear infecções graves em crianças, idosos e imunossuprimidos, cresceu significativamente na primeira quinzena deste mês.

Ao analisar 528.393 testes de diagnóstico, verificou-se que a taxa de positividade do VSR aumentou de 0,5% em fevereiro para 5,2% na semana de 6 a 12 de março. A maior parte dos infectados foram crianças de até 9 anos de idade. 

O levantamento, iniciado em dezembro, inclui três tipos de vírus: além do VSR, o coronavírus (Covid-19) e o Influenza A, que provoca gripe. O diagnóstico foi feito por três laboratórios parceiros do Instituto — Dasa, DB Molecular e Hlagyn — e 94% das amostras foram das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Em geral, as infecções por VSR se concentram entre maio e setembro. Este ano, a disseminação começou mais cedo.

"A proporção de infecções pelo VSR aumentou e atinge todas as faixas etárias, embora atinja mais as crianças. Com as aulas presenciais, é preciso que os pais não levem seus filhos à escola com sintomas respiratórios, para evitar que o vírus se espalhe ainda mais", afirma o virologista Anderson Brito, pesquisador do ITpS.

O VSR é responsável por muitas hospitalizações de crianças e idosos. Segundo o pneumologista Fernando Didier, do HCor, o maior problema dos vírus respiratórios, principalmente o VSR e a gripe, é uma deterioração do quadro de saúde que leve a pessoa para um quadro de infecção bacteriana, provocando pneumonia, inflamação nos brônquios e sinusites graves, por exemplo.
 

"Eles desequilibram a flora do aparelho respiratório e favorecem a proliferação de bactérias, agravando o quadro dos pacientes", explica. 

O crescimento do VSR surge num momento em que a circulação do coronavírus cedeu, mas prossegue como responsável por 71% dos testes positivos da amostra. O VSR representou 21% e o vírus da gripe (Influenza A) ficou com 1,9% entre 6 e 12 de março.  

Brito afirma que os brasileiros centraram foco na Covid durante os últimos dois anos, como se as outras infecções respiratórias não fossem importantes. Muitas delas, assinala, também levam a hospitalizações e até óbitos. 

"Não é “só uma gripe”. Gripe pode levar à morte e o VSR também não pode ser negligenciado", diz o virologista. 

Brito afirma que o cenário de transmissão de vírus no Brasil é ainda confuso. Com a chegada do outono, a convivência em ambientes fechados aumenta os riscos. Além disso, assinala, não se sabe ainda se os casos de Covid-19 vão de fato diminuir ou se a subvariante BA.2, que voltou a elevar os casos em países da Europa, pode interromper a trajetória de queda. A mesma preocupação é causada pela variante Deltacron (mistura da Delta com a Ômicron).   

"Se aprendemos alguma coisa durante a pandemia é tentar diagnosticar as doenças. Não podemos mais voltar com as crianças para casa dizendo apenas que estão com virose. É preciso que o Brasil tenha aprendido a não negligenciar doenças transmissíveis", diz ele.  

A recomendação dos especialistas é que os grupos de risco sigam usando máscaras em ambientes fechados e adotando as medidas preventivas, como distanciamento social, higienização das mãos e evitar tocar o rosto com as mãos. "A pandemia ainda não acabou e a tendência é de aumento dos demais vírus respiratórios", explica. 

O Instituto Todos pela Saúde é uma entidade sem fins lucrativos criada em 2021 para articular redes e desenvolver competências para enfrentamento de futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias. Entre os parceiros estão Fiocruz, Faculdade de Medicina da USP e os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, além da Academia Nacional de Medicina (ANM) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

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