Tirar selfies é agora um "problema de saúde pública", dizem cientistas após onda de mortes
Em 13 anos, foram contabilizados mais de 400 acidentes
Pesquisadores na Austrália analisaram artigos científicos e reportagens da mídia sobre ferimentos e mortes causadas por selfies em todo o mundo e chegaram na conclusão de que o ato deveria ser considerado um “problema de saúde pública”. No período de estudo, de 2008 a 2020, foram relatados quase 400 acidentes, sendo 77 somente nos Estados Unidos.
A maioria das vítimas eram turistas, do sexo feminino, em torno dos 20 anos de idade. Sendo a queda e o afogamento as principais causas de morte. Os pesquisadores afirmam que o público deve estar ciente dos riscos representados pelas selfies – com cerca de 92 milhões de fotos tiradas em todo o mundo todos os dias – e pedem que os aplicativos de mídia social instalem software para alertar as pessoas sobre os perigos quando elas tiram uma selfie.
“Até o momento, pouca atenção tem sido dada à prevenção de incidentes relacionados com selfies através de metodologias de mudança de comportamento ou mensagens diretas aos utilizadores através de aplicações. Embora pesquisas anteriores tenham recomendado “zonas proibidas para selfies”, barreiras e sinalização como formas de prevenir incidentes de selfies, nossos resultados sugerem que isso pode não ser suficiente”, explica Samuel Cornell, especialista em riscos da Universidade de Nova Gales do Sul, Austrália, um dos autores da pesquisa.
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Entre as vítimas estão a estudante Andrea Norton, de 20 anos, que mergulhou 30 metros para a morte de um penhasco no Arkansas depois de escorregar enquanto tirava uma selfie em 2019. Depois, em janeiro de 2022, um alpinista de 21 anos também caiu e morreu ao escorregar tirando uma foto no topo de uma montanha no Arizona. O corpo de Richard Jacobson foi encontrado em uma trilha a cerca de 210 metros de onde ele caiu.
Outra vítima é a estrela do Instagram Sofia Cheung, que morreu em 2021 depois de perder o equilíbrio enquanto tirava uma selfie em uma cachoeira em Hong Kong. A jovem de 32 anos, que tinha 35 mil seguidores no Instagram, caiu na piscina da cachoeira. Ela foi levada às pressas para o hospital, mas depois foi declarada morta.
As autoridades de alguns países já tiveram de emitir avisos sobre selfies, incluindo no Reino Unido, onde no início deste ano a guarda costeira alertou as pessoas para não tirarem selfies com ondas de tempestade depois de uma mulher ter sido fotografada a ser derrubada enquanto posava em frente a uma tempestade.
Para o atual estudo, os investigadores procuraram estudos que incluíssem os termos “selfie” e “morte, queda, lesão, mortal, afogamento ou acidente” publicados nos EUA ou na Austrália. A pesquisa revelou cinco estudos científicos e 12 artigos de notícias que foram incluídos na análise.
Os relatórios de cada um foram então compilados para estabelecer as principais causas de morte por selfies. Houve então uma breve pausa em 2020 – devido à pandemia de Covid – com 37 mortes antes de os números subirem novamente, com 31 mortes relatadas apenas no primeiro semestre de 2021.
Geograficamente, o estudo sugeriu que a Índia foi o país mais comum em relatos de mortes e ferimentos por selfies (100 mortes), seguida pelos EUA (39 casos) e pela Rússia (33 casos).