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Chuvas no Rio

Tragédia em Petrópolis: muitas crianças entre os desaparecidos após deslizamentos

No Morro da Oficina, neste fim de madrugada, ao menos dois corpos já foram resgatados por equipes do Corpo de Bombeiros que trabalham desde o fim da noite de terça-feira

Tragédia em PetrópolisTragédia em Petrópolis - Foto: Carl de Souza/ AFP

Passadas quase 12 horas do temporal que causou uma tragédia em Petrópolis, Região Serrana do Rio, e que até agora já causou a morte de mais de 30 pessoas, o cenário é de destruição e desespero de famílias que ainda procuram por parentes desaparecidos, entre eles, muitas crianças.

No Morro da Oficina, neste fim de madrugada, ao menos dois corpos já foram resgatados por equipes do Corpo de Bombeiros que trabalham desde o fim da noite de terça-feira. Nesta região, que fica bairro Alto da Serra, estima-se que cerca de 80 casas tenham sido afetadas.

Conseguiu resgatar duas pessoas com vida, mas perdeu a mãe. Segundo ele, os bombeiros já localizaram o corpo de Maria das Graças, mas ainda não conseguiram removê-lo dos escombros. Ele conta que estava no trabalho no momento em que ligaram para perguntar se o filho estava com ele. A preocupação foi, então, instantânea.

"Me ligaram e vim correndo para cá. Quando cheguei, disseram até que meu filho tinha morrido. Fiquei sem chão. Um vizinho me disse que sabia onde ele estava e fomos resgatá-lo. Escutei muitos pedidos de socorro na hora que fui resgatar o meu filho, mas já estava ficando escuro, sem luz. Deve ter muita gente embaixo dos escombros ainda. Deixei meu filho no posto de saúde", conta ele, que mora na região há 44 anos e nunca viu algo assim.

Muito emocionado, João Belisardo aguarda notícias de sua filha Michele Aparecida, de 33 anos, e Larissa Afonso, de 5 anos. Elas estavam em uma casa de três andares que desabou durante a chuva, por volta das 18h.
 

"Moro em outro bairro, e minha filha até 18h estava falando comigo. Mas depois parou. Minha neta tem 5 anos e minha filha fez 33 na terça-feira. Era uma casa de três andares e tinha outros imóveis. Todo mundo que está aqui perdeu alguém", disse emocionado.

A todo momento mais familiares de possíveis vítimas chegam ao local procurando informação. Muitos levam aos bombeiros informações de desaparecidos. Cães farejadores estão ajudando nas buscas. Mas estalos de pedras tem provocado a paralisação dos trabalhos. Os escombros mostram casas de até três andares destruídas e marcas de terra de cerca de um metro e meio nas paredes. Bruno Carvalho consegue ver de trás do cordão de segurança sua casa onde estava sua filha de 1 ano e sogra e primos. Ele busca informações da família apegado na esperança.

"Única coisa que ouvimos é que tinha havido um desabamento, mas só tive a dimensão quando cheguei aqui."

Até o momento, as equipes da Defesa Civil contabilizam 203 registros, dos quais 167 são por deslizamentos.

"A situação é de uma tragédia. O Corpo de Bombeiros tem dificuldade de acessar os locais mais críticos porque há muitos carros, ônibus e abandonados nas ruas. São vários pontos de deslizamento", disse na madrugada o coronel Leandro Monteiro, secretário estadual de Defesa Civil, anunciando que será montado um hospital de campanha.

Em seis horas, o acumulado pluviométrico atingiu 259 milímetros — acima da média esperada para todo o mês de fevereiro, de 238,2 milímetros.

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