SAÚDE

Transtorno de Personalidade Borderline: veja sintomas, causas e tratamentos

Condição é caracterizada por flutuações bruscas de humor e hipersensibilidade em suas relações pessoais

Borderline é um dos transtornos de personalidadeBorderline é um dos transtornos de personalidade - Foto: Freepik

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Muitas vezes confundido com doenças semelhantes, o Transtorno de Personalidade Borderline, mais conhecido apenas como "Borderline" — palavra do inglês que significa "limítrofe" ou "fronteiriço" —, é um problema referente à psicologia e à psiquiatria que se manifesta com sintomas de um comportamento instável e mudança de humor em um curto período de tempo.

Além disso, pessoas com Borderline tendem a demonstrar hipersensibilidade em suas relações pessoais e sentem medo intenso do abandono. O tratamento é feito com remédios para ansiedade e depressão, associados à psicoterapia.

A condição faz parte do espectro dos transtornos de personalidade e necessita de avaliação cuidadosa até chegar ao diagnóstico, que é complexo, já que suas características clínicas são parecidas com as do Transtorno Afetivo Bipolar, por exemplo.

Quais os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline e quais as diferenças em relação ao Transtorno Bipolar?
Dentre os principais sintomas apresentados por pacientes com o transtorno, um dos mais marcantes é a idealização da figura das pessoas, com oscilações entre o amor e o ódio. Neste quadro, são comuns:

Episódios de agressões verbais e ofensas contra amigos e familiares

Seguidos pelo retorno a um comportamento cotidiano, como se nada tivesse acontecido.

Em uma publicação do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo (SP), sobre a doença, o psiquiatra Sérgio Ricardo Hototian enumera algumas das características mais gerais do transtorno de personalidade Borderline:

Carência: pessoas com Borderline têm o hábito de pedir afeto. Em alguns casos, tratam pessoas com as quais não têm intimidade como se fossem familiares.

Rebeldia: o abuso de álcool e outras drogas pode ser uma característica dos pacientes com Borderline. Além disso, no geral, eles têm dificuldade em obedecer hierarquias.

Instabilidade: é comum que passem de situações extremas de alegria para a depressão em um mesmo dia.

Autoflagelação: é possível que pessoas com Borderline se cortem ou cometam outro tipo de automutilação.

Depressão: geralmente apresentam padrão de humor depressivo leve.

Apesar da conclusão de um diagnóstico ser possível apenas após os 20 anos de idade, aproximadamente, o Borderline pode dar sinais não conclusivos ainda na infância ou na adolescência. De acordo com psiquiatras da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), enquadram-se nessa situação crianças com descontrole de impulsos, dificuldade de lidar com a raiva, irritabilidade e dificuldade de construir boas relações com colegas e familiares. Na adolescência, podem acontecer tentativas de suicídio e automutilação.

Para traçar as principais diferenças entre o Transtorno de Personalidade Borderline e o Transtorno Bipolar, além da avaliação minuciosa de um profissional, é necessário observar o tempo da crise. Pessoas com Borderline, por exemplo, tendem a passar por variações entre a euforia e a depressão no mesmo dia, ou em períodos curtos de tempo. Enquanto isso, aqueles que sofrem com o Transtorno Bipolar passam por períodos mais longos de estabilidade — dias ou semanas. Além disso, no Transtorno Bipolar as crises podem ser muito mais intensas. No entanto, os dois quadros podem coexistir.

Quais as possíveis causas do Borderline?
Ainda de acordo com o psiquiatra Sérgio Hototian, do Hospital Sírio Libanês, o surgimento do Transtorno de Personalidade Borderline pode estar associado a experiências traumáticas no decorrer da formação do indivíduo. Traumas como mortes, brigas, separações, abuso sexual e crescimento em ambientes conturbados podem estar entre as causas do desenvolvimento desse transtorno.

Como é o tratamento do Borderline?
De acordo com o Instituto de Psiquiatria Paulista, o tratamento mais adequado para pessoas com Borderline é a conciliação entre o atendimento psicológico e o psiquiátrico. Os dois tipos de profissionais são aptos para realizar o diagnóstico da doença. Apesar de não ter cura, o uso de medicamentos pode ser indicado para minimizar os sintomas, fazendo com que o indivíduo possa seguir a vida sem maiores prejuízos. A ideia da utilização de medicamentos é tratar dos sintomas de maneira isolada, com combinação de antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos, por exemplo, sempre conciliados ao tratamento psicoterapêutico.

Por outro lado, o instituto recomenda que o paciente aceite o transtorno e conviva com ele de maneira pacífica, assim como reduza o consumo de álcool e substâncias psicoativas. Cuidados com o sono, a alimentação e a prática de exercícios físicos também são importantes para o efeito do tratamento.

Como conviver com um paciente do Transtorno de Personalidade Borderline?
O primeiro passo para conviver harmoniosamente com uma pessoa com Borderline é ter paciência. De acordo com o Instituto de Psiquiatria Paulista, é importante manter clareza na comunicação, demonstração de importância com a pessoa e empatia. Além disso, é preciso estar atento aos sinais que a pessoa emite quando se depara com algum gatilho. Por fim, é recomendável não entrar no jogo ao lidar com um paciente em crise. Apesar das reações exageradas, palavras de acusação e embate somente tendem a agravar o momento de crise.

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