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Tratado contra testes nucleares é 'sucesso', apesar de falta de ratificações

"O CTBT, embora não tenha entrado em vigor, é um grande sucesso", declarou o novo secretário executivo da organização encarregada do tratado, Robert Floyd

Robert FloydRobert Floyd - Foto: Alex Halada/AFP

Vinte e cinco anos após a adoção do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), o organismo da ONU encarregado de sua supervisão o considera um "grande sucesso", apesar de não ter sido ratificado pela China, Coreia do Norte ou Estados Unidos.

Oito países com programas nucleares se recusaram a ratificar o tratado histórico, impedindo-o de entrar em vigor, e há poucos sinais de que vão mudar de ideia apesar da pressão crescente, segundo analistas.

Mas, apesar dos obstáculos, Robert Floyd, o novo secretário executivo da organização encarregada do tratado, insiste que o acordo já estabeleceu "um padrão global contra testes".

"O CTBT, embora não tenha entrado em vigor, é um grande sucesso", declarou à AFP o australiano de 63 anos em seu escritório em uma torre da ONU em Viena.

Antes de o tratado ser aberto para ratificação em 24 de setembro de 1996, mais de 2.000 testes nucleares haviam sido realizados em todo o mundo e, desde então, apenas alguns foram realizados pela Índia, Paquistão e Coreia do Norte, apontou Floyd.

O primeiro teste nuclear foi realizado no deserto do Novo México em 16 de julho de 1945. 

"Estamos muito melhores agora (...) O único país a realizar testes neste século é a Coreia do Norte".

Para garantir a ausência de testes nucleares, a agência, cujo orçamento anual gira em torno de 130 milhões de dólares, instalou mais de 300 estações de monitoramento em todo o mundo, capazes de detectar até a menor explosão em tempo real.

 

Faltam oito assinaturas

Na prática, o tratado restringe a proliferação nuclear "ao tornar os testes um tabu", explicou Jean-Marie Collin, do escritório francês da Campanha Internacional para Proibir as Armas Nucleares. 

Outros países continuam a aderir, com Cuba sendo o último a assinar o tratado e Comores o último a ratificá-lo em fevereiro. No total, 170 ratificaram. 

Entre as potências nucleares, Rússia, França e Reino Unido ratificaram por considerarem que possuem programas de simulação suficientemente avançados.

Os que não assinaram são Egito, Índia, Irã, Israel e Paquistão, além de China, Coreia do Norte e Estados Unidos.

Floyd disse que quer falar com esses países "sobre qual é o caminho que podemos seguir para ir de onde estamos agora a um ponto em que eles ratificariam (o tratado) para assim vermos  uma proibição legalmente vinculativa".

Floyd não entrou em detalhes sobre como superar o prolongado impasse.

Assim que o tratado entrar em vigor, a organização poderá realizar inspeções.

 

Pressão crescente

Em Washington, ninguém ousou, desde o ex-presidente Bill Clinton, submeter o texto ao Congresso, porque os republicanos se opõem formalmente à sua assinatura, segundo Emmanuelle Maitre, da Fundação para Pesquisa Estratégica. 

A China, por sua vez, afirma esperar pelos Estados Unidos.

"E é difícil ver como a Coreia do Norte pode aderir ao CTBT se os Estados Unidos e a China não o fizerem", disse Maitre à AFP.

No entanto, Collin acredita que a pressão sobre esses oito países está crescendo.

"Nos últimos anos, os países não nucleares pediram mais assertividade com os não signatários", apontou Collin.

Outro acordo nuclear da ONU, o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, entrou em vigor em janeiro. 

O pacto ratificado por 54 nações proíbe a produção e processamento de armas nucleares ou outros artefatos explosivos nucleares. 

Para Floyd, é "um sinal de crescente frustração entre os países sem essas armas que querem ver mais progresso no desarmamento nuclear".

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