GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Trégua em Gaza entra no último dia com negociações para extensão

Prazo inicial se esgota em 24 horas, mas tanto ambos declararam estar abertos para aumentar prazo

Palestinos comemoram chegada de prisioneiros soltos por Israel na CisjordâniaPalestinos comemoram chegada de prisioneiros soltos por Israel na Cisjordânia - Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Com o acordo de cessar-fogo temporário no último dia, as conversas sobre uma extensão da trégua entre Israel e Hamas ganharam força, nesta segunda-feira, a medida que cada lado do conflito se prepara para enviar os últimos reféns e prisioneiros previstos nos termos iniciais negociados na semana passada.

O grupo terrorista palestino afirmou que pretende libertar mais reféns para manter o cessar-fogo em Gaza, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou disposição de ampliar o período de paz por mais alguns dias, caso mais reféns sejam repatriados. Desde sexta-feira, 39 reféns de Israel, além de 19 estrangeiros, e 117 presos palestinos foram libertados devido ao acordo.

O pacto inicial, anunciado na semana passada, previa quatro dias de trégua para que houvesse uma troca de reféns, capturados em 7 de outubro, por prisioneiros palestinos detidos em Israel. O Hamas se comprometeu a liberar 50 reféns em troca de 150 presos. A última etapa da troca inicial, prevista para esta segunda, começou com certa discordância após o Hamas questionar os nomes na lista de prisioneiros que seriam soltos por Israel. Negociadores do Catar já atuam junto aos dois lados para completar a transferência.

O Hamas emitiu um comunicado em que afirma buscar "prolongar a trégua além dos quatro dias", com o objetivo de "aumentar o número de prisioneiros libertados". Uma fonte próxima ao grupo palestino declarou à AFP que os mediadores foram informados sobre o desejo de uma extensão de "dois a quatro dias".

Os termos iniciais do acordo tinham uma cláusula que previa a ampliação da trégua, com a previsão de que um dia adicional de cessar-fogo será concedido a cada 10 reféns extras soltos pelo grupo palestino. Além de não atacar Gaza, Israel soltaria 30 presos a cada grupo de reféns adicional.

Em uma indicação positiva ao prolongamento da trégua, Netanyahu reagiu à declaração do Hamas e se disse disposto a continuar com a libertação dos reféns, mas, citando uma conversa que manteve com o presidente dos EUA, Joe Biden, rejeitou um cessar-fogo definitivo.

"Os dispositivos preveem a libertação de mais 10 reféns a cada dia, e é uma bênção. Mas também disse ao presidente [Biden] que depois do acordo voltaremos ao nosso objetivo: eliminar o Hama" declarou Netanyahu, que deve solicitar, nesta segunda-feira, um "orçamento de guerra" de 30 bilhões de shekels (R$ 39 bilhões de reais) para continuar a ofensiva.

Pressão interna e externa
O governo Netanyahu sofre pressões internas e externas para ampliar a trégua e recuperar mais reféns. Famílias de sequestrados que não foram libertados protestaram no fim de semana, enquanto, no cenário exterior, há pressão para o fim do conflito. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediu nesta segunda-feira uma prorrogação do cessar-fogo para que seja "duradouro" e permita avançar para uma "solução política" para o conflito.

" Uma solução política que nos permita romper o ciclo de violência de uma vez por todas" afirmou o espanhol na abertura de uma reunião em Barcelona da União pelo Mediterrâneo, um fórum que reúne os países europeus e da bacia do Mediterrâneo. Não haverá paz nem segurança para Israel sem um Estado palestino.

As autoridades israelenses afirmam que 1,2 mil pessoas morreram no ataque lançado pelo Hamas em 7 de outubro, quando cerca de 240 foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza. No território palestino, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre, a ofensiva israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Além disso, a Defensa Civil de Gaza calcula que 7 mil pessoas estão desaparecidas.

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