Trégua em Gaza entra no último dia com negociações para extensão
Prazo inicial se esgota em 24 horas, mas tanto ambos declararam estar abertos para aumentar prazo
Com o acordo de cessar-fogo temporário no último dia, as conversas sobre uma extensão da trégua entre Israel e Hamas ganharam força, nesta segunda-feira, a medida que cada lado do conflito se prepara para enviar os últimos reféns e prisioneiros previstos nos termos iniciais negociados na semana passada.
O grupo terrorista palestino afirmou que pretende libertar mais reféns para manter o cessar-fogo em Gaza, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou disposição de ampliar o período de paz por mais alguns dias, caso mais reféns sejam repatriados. Desde sexta-feira, 39 reféns de Israel, além de 19 estrangeiros, e 117 presos palestinos foram libertados devido ao acordo.
O pacto inicial, anunciado na semana passada, previa quatro dias de trégua para que houvesse uma troca de reféns, capturados em 7 de outubro, por prisioneiros palestinos detidos em Israel. O Hamas se comprometeu a liberar 50 reféns em troca de 150 presos. A última etapa da troca inicial, prevista para esta segunda, começou com certa discordância após o Hamas questionar os nomes na lista de prisioneiros que seriam soltos por Israel. Negociadores do Catar já atuam junto aos dois lados para completar a transferência.
O Hamas emitiu um comunicado em que afirma buscar "prolongar a trégua além dos quatro dias", com o objetivo de "aumentar o número de prisioneiros libertados". Uma fonte próxima ao grupo palestino declarou à AFP que os mediadores foram informados sobre o desejo de uma extensão de "dois a quatro dias".
Os termos iniciais do acordo tinham uma cláusula que previa a ampliação da trégua, com a previsão de que um dia adicional de cessar-fogo será concedido a cada 10 reféns extras soltos pelo grupo palestino. Além de não atacar Gaza, Israel soltaria 30 presos a cada grupo de reféns adicional.
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Em uma indicação positiva ao prolongamento da trégua, Netanyahu reagiu à declaração do Hamas e se disse disposto a continuar com a libertação dos reféns, mas, citando uma conversa que manteve com o presidente dos EUA, Joe Biden, rejeitou um cessar-fogo definitivo.
"Os dispositivos preveem a libertação de mais 10 reféns a cada dia, e é uma bênção. Mas também disse ao presidente [Biden] que depois do acordo voltaremos ao nosso objetivo: eliminar o Hama" declarou Netanyahu, que deve solicitar, nesta segunda-feira, um "orçamento de guerra" de 30 bilhões de shekels (R$ 39 bilhões de reais) para continuar a ofensiva.
Pressão interna e externa
O governo Netanyahu sofre pressões internas e externas para ampliar a trégua e recuperar mais reféns. Famílias de sequestrados que não foram libertados protestaram no fim de semana, enquanto, no cenário exterior, há pressão para o fim do conflito. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediu nesta segunda-feira uma prorrogação do cessar-fogo para que seja "duradouro" e permita avançar para uma "solução política" para o conflito.
" Uma solução política que nos permita romper o ciclo de violência de uma vez por todas" afirmou o espanhol na abertura de uma reunião em Barcelona da União pelo Mediterrâneo, um fórum que reúne os países europeus e da bacia do Mediterrâneo. Não haverá paz nem segurança para Israel sem um Estado palestino.
As autoridades israelenses afirmam que 1,2 mil pessoas morreram no ataque lançado pelo Hamas em 7 de outubro, quando cerca de 240 foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza. No território palestino, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre, a ofensiva israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Além disso, a Defensa Civil de Gaza calcula que 7 mil pessoas estão desaparecidas.