Trens e metrôs operam com 50% da demanda pré-crise; entenda os motivos
Melhores cenários são da Bahia, com 60% do total de passageiros registrado antes da pandemia, e Pernambuco, com 72%
Depois de sofrer nos primeiros meses da pandemia da Covid-19 quedas no total de passageiros transportados que superaram 80%, os sistemas metroferroviários do país se recuperaram nos últimos meses, mas nenhum deles voltou ao patamar pré-crise.
Pior, há casos em que não são transportados nem 50% dos usuários que eram levados por trens urbanos, metrôs e VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) antes de março, quando começaram as medidas restritivas para reduzir a disseminação do novo coronavírus.
Dados da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) mostram que os dois cenários mais críticos são os de Minas Gerais e Rio de Janeiro, que transportaram na primeira quinzena de novembro apenas 44% e 47%, respectivamente, do total de passageiros registrado antes da pandemia.
No Rio Grande do Sul, o índice é de 51%, enquanto em São Paulo alcançou 52% e, no Distrito Federal, 54%. Os melhores cenários são da Bahia, com 60%, e Pernambuco, com 72%.
E quais são as razões para esses números? Basicamente são três, sendo a primeira delas o trabalho remoto, largamente adotado desde o início da pandemia e que em muitos casos deverá continuar no futuro.
Também fazem parte da lista o crescimento do desemprego e a opção das pessoas por meios de transporte individuais ou compartilhados com um pequeno grupo.
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"Apesar de praticamente todos os serviços terem voltado ao normal, parte grande dos trabalhos continuam sendo feitos remotamente e talvez continuem assim para sempre. Como o desemprego está maior, isso impacta diretamente também, já que 70% das pessoas usam o transporte ferroviário para ir e voltar do trabalho", disse o presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores.
Há, ainda, segundo ele, um grupo de pessoas que podem viajar, mas têm receio e precisarão ter a confiança restaurada. "As concessionárias tomam todas as medidas, como aumento da desinfecção, mas as pessoas têm medo das aglomerações."
Conforme o presidente da associação, as operações dos sistemas ainda serão deficitárias por um período indeterminado e, apesar da crise, é necessário que haja algum aprendizado com a pandemia.
"Se não sairmos dessa crise com algum aprendizado teremos desperdiçado uma grande oportunidade. Sabemos que há problemas graves na na mobilidade e que nossas redes são menores do que deveriam, qualquer um que tenha viajado ao exterior sabe disso. Acha fantástico o que vê e não entende como aqui não funciona."
O dirigente afirmou que no exterior há mais eficiência devido ao planejamento e organização melhores. "Você não pode, por exemplo, planejar Rio e São Paulo olhando só o município principal, mas os 30 no entorno, que estão interligados. Se faz algo separadamente não dá certo."