Três telas, um botão, controle "de videogame": veja o interior do submarino que sumiu em expedição
Veículo pode chegar a 4 mil metros de profundidade e alcançar velocidade de 5,5 km/h
O submarino que realizava uma expedição até os destroços do Titanic e que desapareceu no domingo (18), com cinco pessoas a bordo, tem três telas, apenas um botão, um banheiro improvisado e uma única vista direta para o oceano. O veículo é dirigido por meio de uma manete que lembra um controle de videogame. A Guarda Costeira de Boston, que faz as buscas pelo submersível, confirmou que o bilionário britânico Hamish Harding é um dos tripulantes. Segundo a emissora britânica Sky News, o próprio CEO da empresa que realiza a expedição, Stockton Rush, pode estar entre os passageiros.
Num vídeo gravado para a CBC de Newfoundland há cerca de dez meses, Stockton Rush mostrou detalhes do interior do submarino Titan. Dentro do veículo, há três telas — uma com as informações da navegação, outra voltada para o sonar e uma tela maior, ao fundo, em que imagens são exibidas para os passageiros. Rush explica que a embarcação é dirigida por meio de um aparelho que lembra uma manete de videogame. A tripulação leva peças sobressalentes caso o controle, embora feito num material resistente, apresente problemas no fundo do mar.
Em outro trecho do vídeo, ele explicou um pouco dos bastidores da expedição, como o fato de uma estrutura de metal servir de banheiro para os passageiros, diante da única vista direta para o oceano.
"Este é o único toalete disponível durante o mergulho profundo. É o melhor lugar da casa, em que você pode olhar pela janela de visualização. Colocamos uma tela de privacidade, aumentamos a música e faz sucesso" conta Rush.
A operação do Titan conta com apenas um botão, que muda de vermelho para verde quando é acionado, e vice-versa.
"O submarino é como se fosse um elevador" disse o CEO Rush numa entrevista de 2022. "Não exige muita habilidade [para conduzi-lo]."
Leia também
• Quem são os passageiros a bordo do submersível em expedição ao Titanic
• Titanic: Quem é o empresário aventureiro que está entre os tripulantes do submarino desaparecido
• Submarino que leva turistas aos destroços do Titanic já teve falha de comunicação e se perdeu
No site oficial da fabricante do submersível “Titan” (modelo similar ao desaparecido), a OceanGate, é possível ver especificações técnicas do aparelho, que é feito com fibra de carbono e titânio. O veículo pode chegar a 4 mil metros de profundidade e alcança uma velocidade de 5,5 km/h (3 nós).
“Através do uso inovador de materiais modernos, o Titan é mais leve e mais econômico para se mover do que qualquer outro submersível de mergulho profundo”, detalha o site da empresa.
O veículo mede 6,7m de comprimento, por 2,5m e 2,8m, pesando cerca de 10 toneladas. O Titan tem capacidade de carga útil de 685 kg, sendo movido por quatro propulsores elétricos. Já a autonomia é de cerca de 96 horas (quando com cinco pessoas a bordo), o que torna curto o tempo restante para o resgate dos que estariam no veículo.
Segundo a OceanGate, o Titan tem “uma vantagem única sobre outros submarinos de mergulho profundo”, que seriam os sistemas de “Monitoramento da Saúde do Casco em Tempo Real (RTM)”, que “fornecem um recurso de segurança incomparável que avalia a integridade do casco durante cada mergulho”.
“O Titan é o único submersível tripulado a empregar um sistema integrado de monitoramento de saúde em tempo real. Utilizando sensores acústicos colocalizados e medidores de tensão em todo o limite de pressão, o sistema RTM permite analisar os efeitos da mudança de pressão na embarcação à medida que o submersível mergulha mais fundo e avaliar com precisão a integridade da estrutura”, explica o site da OceanGate.
Criada em 2009, a empresa OceanGate oferece um passeio ao ponto do naufrágio, que leva oito dias e custa cerca de US$ 250 mil, o equivalente a R$ 1,19 milhão. O pacote também pode incluir um mergulho de oito horas até os destroços da embarcação inglesa.
O Titanic, operado pela White Star Line, afundou em sua viagem inaugural pelo Oceano Atlântico em 1912, após colidir com um iceberg. Mais de 1.500 pessoas morreram. O famoso naufrágio fica a 3.800 m no fundo do Atlântico. Os restos do maior navio da sua época ficam a cerca de 600 km da costa de Newfoundland, no Canadá.
O submersível pode acomodar cinco pessoas, diz a empresa, que geralmente inclui um piloto, três convidados pagantes e um especialista. Até o momento não foi revelado quantas pessoas estão a bordo da embarcação. A empresa que opera o submersível desaparecido diz que está “explorando e mobilizando todas as opções” para trazer a tripulação de volta com segurança.
“Todo o nosso foco está nos tripulantes do submersível e suas famílias”, disse a OceanGate em um comunicado, que acrescenta ter recebido “extensa assistência” de “várias agências governamentais e empresas de alto mar” em seus esforços para restabelecer o contato com o submersível. “Estamos trabalhando para o retorno seguro dos tripulantes.”