Tribunal da Coreia do Sul renova ordem de prisão contra presidente afastado
Tribunal do Distrito Oeste de Seul atendeu a pedido de extensão de prazo feito pelo Escritório de Investigação de Corrupção
A Justiça da Coreia do Sul renovou nesta terça-feira a ordem de prisão contra o presidente afastado do país, Yoon Suk-yeol, pela tentativa de impor lei marcial e fechar o Congresso, em dezembro. Um mandado de prisão anterior expirou na segunda-feira sem que investigadores conseguissem cumpri-lo, após apoiadores e a equipe de segurança do presidente impedirem a passagem dos agentes no fim de semana.
Uma equipe de investigação conjunta liderada pelo Escritório de Investigação de Corrupção (CIO) anunciou em um comunicado que solicitou a extensão do mandado inicial, após a expiração. O pedido foi apresentado ao Tribunal do Distrito Oeste de Seul, que acatou a extensão.
Na semana passada, a agência anticorrupção falhou em um esforço para prender Yoon após enfrentar resistência da equipe de segurança do presidente e de apoiadores, acampados em frente à residência oficial.
A equipe jurídica do presidente afastado diz que o escritório não tem autoridade para investigar o crime do qual o político é acusado: tentativa de insurreição.
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O mandado de prisão renovado atende ao pedido do CIO, que argumenta que Yoon se negou a colaborar com as investigações relativas à tentativa de impor controle sobre outras instâncias da política nacional. Destituído pelo Parlamento, ele se recusou três vezes a ser interrogado
O presidente afastado permanece trancado em sua residência, rodeado por centenas de guardas do seu serviço de segurança. Ainda não há informações sobre quando ou como a ordem de prisão será cumprida, mas fontes de segurança deram indícios de que as ações podem ser mais incisivas em uma nova tentativa.
— Consideraremos a opção de prender qualquer membro do serviço de segurança presidencial durante a execução de uma segunda ordem — disse um oficial da polícia, sob condição de anonimato, em entrevista a AFP na segunda-feira.
O Partido Democrático, o principal de oposição, pediu recentemente a dissolução do serviço de segurança que protege o presidente destituído.
A decisão de declarar a lei marcial em 3 de dezembro, que vigorou apenas por algumas horas, mergulhou a Coreia do Sul na sua pior crise política em décadas e poderá levar Yoon à prisão ou até mesmo ser condenado à morte. Mas ele e seus apoiadores permanecem desafiadores.
— Protegeremos o serviço de segurança presidencial até meia-noite. Se houver outra ordem [de prisão], nós voltaremos — disse Kim Soo-yong, de 62 anos, um dos organizadores de uma manifestação a favor do presidente, na segunda-feira.
O Tribunal Constitucional sul-coreano planeja iniciar o julgamento de Yoon em 14 de janeiro. Caso ele não compareça, será realizado na sua ausência. Um relatório dos promotores, visto pela AFP, diz que Yoon ignorou as objeções de vários ministros de seu gabinete e decidiu declarar a lei marcial.
O Tribunal Constitucional tem até 180 dias para determinar se deve destituir Yoon do cargo de presidente ou restaurar os seus poderes. (Com Bloomberg e AFP)