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américa do sul

Tribunal da ONU decide sobre disputa entre Chile e Bolívia pelas águas do Silala

A controvérsia bilateral se arrasta desde 2016

Sede da ONUSede da ONU - Foto: Pixabay

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) anunciará a decisão sobre a disputa entre Chile e Bolívia pelo uso das águas do rio Silala na quinta-feira (1º) em Haia, para encerrar uma controvérsia bilateral amarga que se arrasta desde 2016.

O Silala é um rio que nasce nos "bofedales" (pântanos de altitude) do departamento boliviano de Potosí e no seu percurso cruza a fronteira com o Chile, que por isso o considera um curso de água internacional, sujeito a regulamentações específicas.

O caso chegou à CIJ em 2016, quando o Chile pediu ao tribunal que declarasse formalmente o Silala como um curso de água internacional, para garantir seus direitos sobre o uso deste recurso hídrico em seu território.

A Bolívia respondeu em 2018 com uma ação na CIJ para pedir ao tribunal que reconhecesse seus direitos sobre o fluxo artificial do rio, devido ao sistema de canais construídos para coletar água de nascentes, e exigiu que o Chile pague uma indenização pelo uso dos recursos.

No mesmo ano, a CIJ rejeitou as alegações da Bolívia de forçar o Chile a negociar uma saída para o mar para os bolivianos.

Argumentos sobre a mesa
As últimas audiências do caso Silala aconteceram em abril deste ano, quando as partes apresentaram suas alegações e tiveram a oportunidade de questionar o outro lado.

Nas audiências, o agente (principal representante) da Bolívia na CIJ, o diplomata Roberto Calzadilla, pediu à corte que declarasse a soberania boliviana sobre o "fluxo artificial" das águas do Silala em seu território, e que "o Chile não tem direitos adquiridos" sobre este fluxo de água.

Para a delegação boliviana, os canais construídos sobre o Silala em seu território aumentaram artificialmente o fluxo e, portanto, o Chile não pode reivindicar direitos adquiridos para seu acesso a estas águas.

Por sua vez, a agente do Chile, Ximena Fuentes, pediu à CIJ que rejeite os argumentos da Bolívia e afirmou que a declaração boliviana carece de base legal ao fazer uma distinção entre causas naturais e artificiais.

O Chile insiste na validade do direito consuetudinário (normas não escritas, mas cuja aplicação se tornou habitual devido à repetição ao longo do tempo) no caso das águas do Silala, que considera um curso de água internacional.

Fuentes também pediu ao CIJ que declare que a Bolívia é obrigada a adotar medidas para prevenir a poluição da água, assim como cooperar e "notificar oportunamente o Chile" sobre medidas que possam ter "um efeito adverso nos recursos hídricos compartilhados".

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