AF447

Tribunal decidirá se Air France e Airbus têm responsabilidade por queda de voo Rio-Paris em 2009

Decisão do Tribunal Correcional de Paris vai ser anunciada, nessa segunda-feira, quase 14 anos depois da tragédia

Companhia francesa de voos, Air FranceCompanhia francesa de voos, Air France - Foto: THOMAS SAMSON / AFP

O Tribunal Correcional de Paris decide, nessa segunda-feira (17), se as empresas Airbus e Air France tiveram responsabilidade criminal na queda, em 2009, do voo Rio-Paris da companhia aérea francesa que matou 228 pessoas. As duas empresas, que enfrentam julgamento por homicídio culposo —quando não há intenção de matar — negam qualquer falha penal relacionada ao acidente. Se forem consideradas culpadas, cada uma pode receber multa no valor de 225.000 euros [equivalente a 1,14 bilhão de reais].

Em 1 de junho de 2009, o voo AF447, que fazia a rota entre o Rio de Janeiro e a capital francesa, caiu, no meio da noite, no Oceano Atlântico, horas após a decolagem, matando os 216 passageiros e 12 tripulantes a bordo. Entre as vítimas estavam pessoas de 33 nacionalidades, sendo 72 franceses e 58 brasileiros. Foi o acidente mais letal da história da aviação comercial francesa.

Os corpos e os primeiros fragmentos da aeronave A330 da Airbus foram encontrados nos dias seguintes à tragédia, mas os destroços do avião só foram localizados dois anos depois, após longas buscas, em meio ao relevo submarino, a 3.900 metros de profundidade.
 

As caixas-pretas confirmaram que o ponto de partida do acidente foi o congelamento das sondas de velocidade Pitot, enquanto o avião estava em voo de cruzeiro, em uma zona com condições meteorológicas adversas denominada Zona de Convergência Intertropical.

O congelamento das sondas levou a aeronave a emitir informações erradas sobre a altitude da aeronave e os pilotos perderam o controle do avião, que caiu no oceano.

As investigações demonstraram que incidentes similares com sondas ocorreram nos meses que antecederam o acidente. A Air France teria treinado e informado suficientemente suas tripulações? A Airbus teria subestimado a gravidade do problema e alertado as companhias de forma insuficiente?Essas perguntas foram debatidas, minuciosamente, no ano passado, durante os dois meses do julgamento, que começou em outubro.

O Ministério Público francês não pediu a condenação das companhia, por considerar "impossível de demonstrar" a culpabilidade. Parentes da vítimas criticaram a decisão:

"O que nós esperamos, o que nós aguardamos, é que o tribunal, enfim, pronuncie uma decisão imparcial e condene a Airbus e a Air France, as culpadas das negligências e das infrações. É por isso que nós temos batalhado há praticamente 14 anos — disse Danièle Lamy, presidente da associação Entraide et Solidarité AF447.

Os conselhos das empresas não quiseram se pronunciar antes do julgamento e os advogados pediram o arquivamento do caso.

Durante as audiências, o Tribunal interrogou especialistas, pilotos e autoridades de controle aéreo para tentar entender as reações da tripulação na cabine e, também, o funcionamento, na época, das diferentes sondas Pitot. Depois do acidente, o modelo de sonda instalado na aeronave da Airbus que fazia a rota Rio-Paris foi substituído, no mundo inteiro. A tragédia também levou a outras modificações técnicas e de treinamento dos pilotos e tripulação.

O caso chegou a ser arquivado pela justiça francesa, em 2019, mas as famílias das vítimas, os sindicatos de pilotos e a Procuradoria-geral francesa recorreram e, em maio de 2021, a Câmara de Instruções decidiu reabrir o processo.

Veja também

Presidente do Irã diz que pode retomar contato com os EUA, se país voltar ao acordo nuclear
IRÃ

Presidente do Irã diz que pode retomar contato com os EUA, se país voltar ao acordo nuclear

Recife: criminosos invadem casa e matam homem de 41 anos em Jardim São Paulo
investigação

Recife: criminosos invadem casa e matam homem de 41 anos em Jardim São Paulo

Newsletter