Tropas da ditadura detêm cerca de 30 jornalistas na Belarus
Segundo o governo, repórteres foram levados para 'verificação de documentos' e os que tivessem autorização para o trabalho seriam liberados
Tropas bielorrussas detiveram cerca de 30 jornalistas nacionais e estrangeiros que cobriam manifestações contra a ditadura em dois pontos da capital, Minsk, nesta quinta (27).
As prisões aconteceram no final da tarde e no começo da noite, nas praças da Liberdade e da Independência. Não há números confirmados, mas bielorrussos ouvidos pela reportagem falam em cerca de 20 no primeiro local e 9 no segundo.
Segundo o Ministério do Interior, o objetivo era checar "documentação que ateste a legalidade da atuação profissional" dos repórteres. "Serão libertados jornalistas dos meios de comunicação registrados, bem como jornalistas estrangeiros acreditados no Ministério das Relações Exteriores", afirmou o ministério.
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Os repórteres levados para a delegacia tiveram que desligar seus telefones e ficaram incapacitados de cobrir os protestos, onde manifestantes também foram cercados e detidos.
Desde o dia 9 de agosto, quando números oficiais deram vitória na eleição presidencial pela sexta vez ao ditador Aleksandr Lukachenko, bielorrussos protestam diariamente contra o resultado e por novo pleito.
Reprimidas com brutalidade nos primeiros três dias, as manifestações deixaram mais de 450 feridos e ao menos 4 mortos. Cerca de 7.000 foram presos, dos quais 50 jornalistas.
Correspondentes estrangeiros relataram à reportagem terem sido perseguidos e espancados, e o repórter do site russo Meduza foi preso, torturado e deportado.
Sem presença ostensiva nos protestos da segunda semana, as tropas voltaram a agir a partir desta segunda (24), intimidando, cercando e detendo jornalistas e manifestantes. Desta vez, não houve relatos de tortura.
Na Belarus, aglomerações só podem ocorrer com autorização do governo e os protestos, ainda que pacíficos, são considerados ilegais.
Entre os jornalistas identificados estão os correspondentes da agência alemã DW, da agência britânica Reuters, da americana Associated Press, da russa Tass, das emissoras de TV BBC e Belsat e dos sites Tut.by e Lenta.ru, entre outros.
O fotógrafo Vasily Fedosenko, que tem registrado os protestos para a Reuters desde o primeiro dia, também foi detido. Momentos antes, ele havia fotografado a prisão de outros jornalistas.
Até as 21h30 (horário local, 15h30 no Brasil), ao menos três haviam sido liberados, segundo testemunhas.