guerra no oriente médio

Tropas israelenses revistam maior hospital de Gaza "prédio por prédio"

Mais da metade dos 36 hospitais da Faixa de Gaza não estão funcionando devido aos combates

Pacientes e internos no hospital Al-Shifa, na cidade de GazaPacientes e internos no hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza - Foto: AFP

O Exército israelense realizou nesta quinta-feira (16) uma revista minuciosa do principal hospital da Faixa de Gaza, ignorando a preocupação internacional pelos civis que se amontoam em seu interior, após afirmar que encontrou ali ontem material bélico do Hamas.

"Os soldados estão revistando cada andar, prédio por prédio, embora centenas de pacientes e pessoal médico ainda estejam no local", informou um responsável das Forças de Defesa de Israel.

Os militares entraram ontem no complexo hospitalar e acusam os combatentes do Hamas, que governa a Faixa desde 2007, de terem construído um centro estratégico e militar abaixo do recinto.

Tanto o movimento islamista, classificado como organização "terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e Israel, como responsáveis do hospital negam essa acusação.

Israel disse ter encontrado ali "munições, armas e equipamento militar" pertencentes ao Hamas, além de computadores com informações e "imagens relacionadas aos reféns" capturados por seus combatentes em 7 de outubro.

O corpo de uma mulher sequestrada nesse dia foi encontrado próximo do hospital, afirmou o Exército.

"Yehudit [Weiss] foi assassinada pelos terroristas na Faixa de Gaza e não conseguimos chegar a tempo" para salvá-la, lamentou o porta-voz Daniel Hagari.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que Israel "destruiu o serviço de radiologia e bombardeou os departamentos para o tratamento de queimados e diálise" do hospital, onde a ONU estima que existam 2.300 pessoas.

"Milhares de mulheres, crianças, doentes e feridos estão em perigo de morte", disse seu porta-voz, Ashraf Al Qudra.

Israel anunciou esta semana que tomou o parlamento, escritórios governamentais, a sede da polícia do Hamas e o porto da cidade de Gaza.

"Pausas humanitárias"
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa no sul de Israel no qual morreram cerca de 1.200 pessoas e outras 240 foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o movimento palestino, bombardeando diariamente a Faixa de Gaza e colocando o território sob cerco total. O Exército afirma que 51 soldados foram mortos desde o início do conflito.

Esta ofensiva deixou mais de 11.500 palestinos mortos, incluindo mais de 4.700 crianças, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde do Hamas.

Mais da metade dos 36 hospitais da Faixa de Gaza já não estão funcionando devido aos combates, dos danos e da falta de combustível, denuncia a ONU.

O Crescente vermelho palestino relatou, nesta quinta-feira, um "ataque violento" de tanques israelenses que "sitiaram" o hospital Al Ahli, que já havia sido bombardeado em 17 de outubro.

Pela primeira vez desde o início da guerra, o Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar uma resolução que pede "pausas humanitárias e corredores humanitários amplos e urgentes" que permitam que a ajuda chegue à Faixa de Gaza.

O Ministério das Relações Exteriores israelense indicou nesta quinta-feira que as "pausas humanitárias prolongadas são insustentáveis enquanto 239 reféns permanecem nas mãos dos terroristas do Hamas".

Risco iminente de fome
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), 1,65 milhão de pessoas - dois terços da população - foram forçadas a fugir de suas casas devido ao conflito e enfrentam a escassez de suprimentos básicos.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou hoje que "o fornecimento de alimentos e água é praticamente inexistente em Gaza" e que os habitantes do território palestino enfrentam um risco iminente "de morrer de fome".

"Não há como satisfazer as necessidades atuais com apenas uma passagem fronteiriça operando", denunciou em comunicado Cindy McCain, diretora-executiva do PMA.

A passagem de Rafah, limítrofe com o Egito, é o único ponto de acesso terrestre a Gaza que não faz fronteira com Israel. A ajuda humanitária apenas entra a conta-gotas por essa passagem.

Além disso, o diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, relatou nesta quinta-feira que "Gaza sofre novamente um corte total de comunicações, porque não há combustível".

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu uma investigação internacional, após as "acusações extremamente graves" de violações do direito internacional, "independentemente de quem as cometa".

A guerra também gerou uma situação "potencialmente explosiva" na Cisjordânia ocupada, alertou Türk, com a intensificação das operações de busca e incursões do Exército israelense, que afirma estar respondendo a um "aumento significativo dos ataques terroristas" desde 7 de outubro.

Mais de 190 palestinos morreram nas mãos de colonos e de soldados israelenses desde aquele dia.

Nesta quinta, o braço armado do Hamas reivindicou um ataque realizado por três comandos contra um posto de controle entre Jerusalém e a Cisjordânia ocupada, no qual morreu um soldado israelense.

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