Rússia x Ucrânia

Tropas ucranianas retomam Kherson após quase nove meses de ocupação russa

Cidade fica no Sul da Ucrânia

Ucranianos em Kiev comemoram retomada de KhersonUcranianos em Kiev comemoram retomada de Kherson - Foto: Genya Savilov/AFP

As tropas ucranianas reconquistaram, nessa sexta-feira (11), a cidade de Kherson, no sul do país, e reivindicaram uma "importante vitória" contra a Rússia, que retirou suas forças da única região que havia ocupado em quase nove meses de combates.

"Hoje é um dia histórico!", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

Kherson é "nossa", proclamou, destacando que o exército estava em sua periferia, embora as "unidades especiais" já estivessem na cidade.

O Ministério da Defesa tinha anunciado anteriormente que Kherson tinha voltado "ao controle da Ucrânia".

O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, divulgou um vídeo em que moradores da cidade de Bilozerka são vistos, segundo ele, a poucos quilômetros de Kherson, arrancando um enorme cartaz que dizia "a Rússia está aqui para sempre".

Esta retomada é uma "vitória importante" e mostra que "não importa o que a Rússia faça, a Ucrânia vencerá" a guerra, disse Kuleba no Twitter.

O assessor americano de segurança nacional, Jake Sullivan, comemorou a "vitória extraordinária" da Ucrânia ao retomar a cidade de Kherson.

A retirada russa, a terceira de envergadura desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, representa um duro revés para o presidente Vladimir Putin, que proclamou no fim de setembro a anexação de quatro regiões ucranianas, entre elas Kherson.

Putin tinha prometido defender "por todos os meios" estas regiões e ameaçou indiretamente recorrer à arma nuclear.

Mas diante da contraofensiva ucraniana, lançada no fim do verão no hemisfério norte, o exército russo anunciou na quarta-feira que deixava a parte norte da região, incluindo sua capital homônima, para consolidar posições na margem oposta do rio Dnieper, uma barreira natural.

"Más de 30.000 militares russos e cerca de 5.000 peças de armamento e veículos militares foram retirados" da margem ocidental do Dnieper, informou nesta sexta o ministério da Defesa russo.

"Cidade livre, por fim!"
"Vemos rostos amáveis e sorridentes, flores, guardanapos borados para receber nossos veículos", disse à AFP por telefone da Polônia Andriy Jolob, comandante de uma unidade médica a cerca de 50 km de Kherson.

Na capital, Kiev, viram-se cenas de alegria, com buzinaços e música nas ruas.

"Kherson é a Ucrânia!", comemorou seu prefeito, Vitali Klitschko.

"Minha cidade livre, por fim! A cidade onde nasci, onde vivi por toda a minha vida", disse com lágrimas nos olhos Nastia Stepenska, de 17 anos, que se refugiou na capital no início da guerra.

"Vou voltar quando for possível e seguro. Em breve, espero", acrescentou, em alusão aos combates que continuam sacudindo a região.

A Ucrânia reivindicou nesta quinta-feira a retomada de mais de 40 localidades da região e o Estado-maior afirmou na sexta-feira que sua ofensiva "continua".

A Rússia, apesar da retirada de suas tropas, continua considerando que toda esta região meridional da Ucrânia lhe pertence.

A região de Kherson "é um tema da Federação da Rússia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Não pode haver nenhuma mudança", acrescentou no primeiro comentário da Presidência russa sobre a retomada.

Pouco após o início da guerra, a Rússia fracassou em sua tentativa de tomar Kiev e em setembro teve que deixar quase toda a região de Kharkiv (nordeste).

Putin ordenou na ocasião a mobilização de 300.000 reservistas para tentar recuperar a iniciativa no terreno.

"Resposta cínica"
Apesar destas retomadas, a Rússia continuou bombardeando outras regiões da Ucrânia. Os ataques das últimas semanas destruíram grande parte da infraestrutura de energia de seu vizinho, deixando várias partes do país sem eletricidade, incluindo a capital Kiev.

Na noite de quinta-feira, pelo menos sete pessoas morreram em um ataque com mísseis a um prédio residencial na cidade de Mykolaiv (sul), disseram autoridades regionais nesta sexta.

Uma jornalista da AFP viu o prédio destruído e equipes de resgate procurando vítimas sob os escombros.

Zelensky denunciou "uma resposta cínica do Estado terrorista [russo] a nossos êxitos no front".

O chefe da administração regional, Vitali Kim, anunciou na noite desta sexta-feira que a região de Mykolaiv foi "inteiramente liberada".

Os combates também continuam na frente leste, especialmente em Bakhmut, cidade que Moscou tenta conquistar há meses, com o apoio do grupo paramilitar Wagner.

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