Estados Unidos

Trump chama acusações de 'piada' e diz que é alvo de 'um dos maiores abusos de poder da História'

Republicano recorreu à polarização e repetiu mentiras para tentar mobilizar base em primeiro evento de campanha após Departamento de Justiça quebrar sigilo de acusações

O ex-presidente do Estados Unidos Donald Trump O ex-presidente do Estados Unidos Donald Trump  - Foto: Chandan Khanna/AFP

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participa neste sábado de seu primeiro evento de campanha desde que recebeu na quinta-feira 37 acusações referentes a sete crimes federais no caso relacionado à retirada de documentos sigilosos da Casa Branca. No estado-pêndulo da Geórgia, o primeiro ex-ocupante da Presidência americana a virar réu criminal chamou o processo contra si de "piada", afirmou que o Departamento de Justiça tenta interferir nas eleições presidenciais de 2024 e voltou a repetir mentiras sobre o pleito de três anos atrás.

O republicano foi recebido por sua base em Columbus, uma das principais do estado que foi um dos epicentros da sua malsucedida cruzada para reverter o voto popular há três anos, com gritos de "quatro anos mais! Quatro anos mais", "EUA" e cartazes de "caça às bruxas". Em seu pronunciamento, afirmou sem evidências que os democratas são "criminosos" que cometem um "abuso de poder" contra seu maior adversário político.

"As ridículas e sem embasamento acusações contra mim feitas pelo Departamento de Injustiça transformado em arma pelo governo [do presidente Joe] Biden ficará marcado como um dos maiores abusos de poder da História deste país",  afirmou Trump. "Biden está tentando prender seu principal adversário político, que o está derrotando por uma grande margem nas pesquisas, assim como faziam na Rússia stalinista ou na China comunista."

Ao contrário do que Trump diz, contudo, o agregador de pesquisa RealClearPolitics mostra que se Trump confirmar seu favoritismo e vencer as primárias democratas, teria menos intenção de voto que Biden no pleito geral. De acordo com o site, hoje o atual presidente tem 45,5% de apoio, contra 43,7% de seu antecessor.

A estratégia do ex-presidente foi posicionar o processo contra si como uma ação contra seus eleitores, apostando no medo e no aprofundamento de uma polarização já enorme entre os eleitores americanos.

"Eles estão roubando, são desonestos, são corruptos. Esses criminosos não podem ser recompensados, eles devem ser derrotados", disse Trump, aplaudido. "No fim, eles não estão vindo atrás de mim, mas atrás de vocês. E eu só estou no caminho. Aqui estou e sempre estarei."

Após a passagem pela Geórgia, Trump irá para a Carolina do Norte, onde terá um segundo evento de campanha. Quem também deve discursar por lá é seu ex-vice-presidente, Mike Pence, que entrou na disputa pela nomeação republicana nesta semana. Quem também falará em Greensboro é o governador da Flórida, Ron DeSantis, vice-líder nas intenções de voto.

Na sexta, após o Departamento de Justiça quebrar o sigilo das acusações contra Trump, o comentário do governador deixou claro a corda-bamba que os . Em um discurso também na Carolina do Norte, ele primeiro disse que, se em seus anos de Marinha, tivesse levado documentos sigilosos para casa, "teria sido levado para um tribunal militar imediatamente".

O comentário de DeSantis referia-se ao fato de a ex-secretária de Estado Hillary Clinton ter usado um servidor de e-mail privado quando estava no cargo, mas poderia ser facilmente aplicável a Trump. Tal qual quase todo o resto dos pré-candidatos, o governador da Flórida evita posicionar-se contra o homem que desde 2015 domina a política republicana, um ex-aliado que tornou-se rival.

"Há um padrão diferente para uma secretária de Estado democrata contra um presidente republicano?", indagou DeSantis. "Eu acho que precisa haver um padrão para a Justiça neste país. Vamos aplicá-lo a todos e garantir que todos sabem das regras", disse ele, dando a entender que se Trump foi acusado, Clinton também deveria ter sido, apesar de uma investigação de anos ter concluído que ela não foi proposital ou sistematicamente negligente com informações sigilosas.

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