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Trump diz que nunca leu Hitler, após reafirmar que imigrantes estão 'destruindo o sangue" dos EUA

Republicano foi acusado de ecoar discurso que ditador nazista usou contra judeus e 'não-arianos' ao criticar imigração irregular; ex-preside

Donald Trump, ex-presidente dos EUADonald Trump, ex-presidente dos EUA - Foto:

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ignorou as denúncias de xenofobia e reafirmou, na terça-feira (19), um polêmico comentário no qual afirmou que imigrantes indocumentados estariam “envenenando o sangue” dos EUA. A fala rapidamente foi comparada a um trecho do manifesto autobiográfico do ditador nazista, Adolf Hitler, por setores da sociedade americana. O ex-presidente e sua equipe negam qualquer vínculo e afirmam que o republicano nunca leu o panfleto nazista.

Trump não repetiu a frase exata, que atraiu críticas desde que a pronunciou pela primeira vez numa entrevista a um site de direita — e depois a repetiu num comício em New Hampshire, no sábado. Mas ele disse, na noite de terça-feira, em um discurso em Iowa, que os imigrantes indocumentados da África, Ásia e América do Sul estavam “destruindo o sangue do nosso país”, antes de aludir aos seus comentários anteriores.

"Isso é o que eles estão fazendo. Eles estão destruindo nosso país" continuou Trump."Eles não gostam quando eu digo isso. E eu nunca li ‘Mein Kampf’. Eles disseram: ‘Oh, Hitler disse isso".

O ex-presidente acrescentou que Hitler utilizou os termos “de uma maneira muito diferente”, sem deixar claro o que o ditador nazista queria dizer, e qual a diferença para o que ele próprio falou.

"[Os imigrantes sem documentos] podem ser saudáveis [ou]. Eles podem ser muito doentes. Eles poderiam trazer doenças que vão se espalhar em nosso país" disse Trump, antes de acrescentar que esses estrangeiros estariam “destruindo o sangue do nosso país” e “destruindo a estrutura do nosso país”.

O republicano e sua campanha rejeitaram as comparações entre a sua observação e a linguagem usada por Hitler, que utilizou as palavras “veneno” e “sangue” para difamar aqueles que considerava uma ameaça à pureza da raça ariana.

Em um capítulo de “Mein Kampf” intitulado “Raça e Povo”, Hitler escreveu: “Todas as grandes civilizações do passado tornaram-se decadentes porque a raça originalmente criativa morreu, como resultado da contaminação do sangue”. Em outra passagem, ele liga “o veneno que invadiu o corpo nacional” a um “influxo de sangue estrangeiro”.

Repercussão
O comentário de Trump foi amplamente criticado como racista e xenófobo, e a administração do presidente Joe Biden recentemente chamou mais atenção para a comparação.

Alguns republicanos do Senado também criticaram o comentário esta semana, incluindo Mitch McConnell, o principal republicano na Casa Legislativa. Mas outros abraçaram a linguagem, incluindo o senador J.D. Vance, de Ohio, que disse ser “objetiva e obviamente verdadeira” a fala de que “os imigrantes ilegais estavam a envenenar o sangue do país”.

Trump fez dos sentimentos anti-imigração uma peça central das suas campanhas políticas anteriores e, ao concorrer à Casa Branca pela terceira vez, o seu tom tornou-se mais duro. Foi também acusado de fazer eco da linguagem desumanizadora dos ditadores fascistas, incluindo Hitler, quando descreveu os seus oponentes políticos como “vermes” que precisavam de ser erradicados.

No seu discurso de terça-feira, ele afirmou mais uma vez que líderes de países não especificados estavam a esvaziar prisões e instituições psiquiátricas e a enviar os seus habitantes para os Estados Unidos, uma afirmação ampla para a qual não há provas claras.

Trump também usou o seu discurso para defender os cristãos na América, que ele retratou como estando sob ataque dos democratas. Enquanto estava entre duas árvores de Natal, Trump disse que criaria uma “força-tarefa federal para combater o preconceito anticristão” para investigar qualquer “discriminação, assédio e perseguição”. Ele acrescentou:

"Eles estão perseguindo os cristãos na América."

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