EUA

Trump diz que se negou a responder perguntas da Procuradoria-Geral de Nova York

"Me recusei a responder a perguntas sobre os direitos e privilégios concedidos a todos os cidadãos pela Constituição dos Estados Unidos", disse Trump em nota

Ex-presidente Donald TrumpEx-presidente Donald Trump - Foto: Mandel Ngan/AFP

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (10), que se recusou a responder perguntas ao comparecer sob juramento como parte de uma investigação civil da Procuradoria-Geral do estado de Nova York sobre suposta fraude nos negócios de sua família. 

Trump afirmou que não tinha outra alternativa além de invocar a Quinta Emenda da Constituição, que permite às pessoas permanecer em silêncio para não produzir provas contra si mesmas durante um interrogatório

"Me recusei a responder a perguntas sobre os direitos e privilégios concedidos a todos os cidadãos pela Constituição dos Estados Unidos", disse Trump em nota. "Quando sua família, sua empresa e todos ao seu redor se tornam alvo de uma caça às bruxas infundada e politicamente motivada, apoiada por advogados, promotores e mídia falsos, você não tem outra escolha", acrescentou.

"Se eu tinha algum questionamento interno, as buscas em minha casa, Mar-a-Lago, na segunda-feira por parte do FBI, apenas dois dias antes deste depoimento, eliminou qualquer dúvida", disse.

Trump havia confirmado antes, nas redes sociais, que estava no gabinete da procuradora-geral de Nova York, Letitia James, cuja investigação é uma das muitas averiguações em curso sobre as práticas comerciais e outras ações do magnata.

O ex-presidente recorreu à sua plataforma, Truth Social, para fazer uma enxurrada de ataques contra James, descrevendo-a como uma procuradora-geral "racista" que está "tentando 'pegar Trump'" por meio de uma ação judicial que tem como objetivo derrubá-lo politicamente.

James é responsável pela "continuidade da maior Caça às Bruxas na história dos Estados Unidos!", escreveu Trump. "Minha grande companhia, e eu mesmo, estamos sendo atacados de todos os lados. República das Bananas!", acrescentou.

A procuradora de Nova York suspeita que a Organização Trump superestimou de forma fraudulenta o valor de propriedades imobiliárias ao solicitar empréstimos bancários, enquanto subestimava os valores desses mesmos imóveis às autoridades tributárias para pagar menos impostos. 

Trump e seus filhos adultos, Donald Jr. e Ivanka, teriam que prestar depoimento, sob juramento, em julho, mas houve um adiamento devido à morte de sua mãe, Ivana Trump, primeira esposa do ex-presidente.


Rumo à Casa Branca? 

Os Trump negaram qualquer conduta inapropriada e o ex-presidente republicano disse que a investigação tem motivações políticas. 

Se James, uma democrata afro-americana, encontrar alguma evidência de má conduta financeira, pode processar a Organização Trump por danos e prejuízos, mas não pode apresentar acusações penais, pois trata-se de uma investigação civil.

Eric Trump, outro filho do ex-presidente, investiu contra James em um tweet nesta quarta, dizendo que seu pai compareceria "para prestar depoimento à procuradora-geral mais corrupta dos Estados Unidos".

Donald Trump também divulgou hoje vídeos em que James faz ataques verbais contra ele, tachando-o de "presidente ilegítimo" e prometendo abrir um processo.

A investigação de James é uma das muitas batalhas legais envolvendo Trump, o que pode atrapalhar sua eventual candidatura à presidência em 2024. 

O depoimento em Nova York acontece depois de uma operação de busca do FBI, a polícia federal investigativa dos EUA, na residência do magnata em Palm Beach, Flórida.

O FBI, dirigido por Christopher Wray, que foi nomeado por Trump, não revelou o motivo das buscas.

Contudo, os meios de comunicação americanos disseram que os agentes estavam realizando uma busca autorizada pela Justiça relacionada com o possível manuseio incorreto de documentos classificados que tinham sido levados a Mar-a-Lago depois que Trump deixou a Casa Branca em janeiro de 2021.

Como era esperado, Trump manifestou indignação pelas buscas, tachando-as de "uso do sistema de justiça como arma". 

Na Casa Branca, a secretária de Imprensa da presidência, Karine Jean-Pierre, disse que o presidente Joe Biden não recebeu nenhum aviso prévio sobre as buscas em Mar-a-Lago e que respeita a independência do Departamento de Justiça.

Desde que deixou o cargo, Trump se mantém como a figura que mais provoca divisões no país e continua propagando mentiras de que teria efetivamente vencido as eleições de 2020. 

O magnata também é alvo de um intenso escrutínio legal por seus esforços para anular os resultados das eleições e pela invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, por parte de seus simpatizantes.

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