Trump e Haley disputam apoio em conferência conservadora de olho nas presidenciais
São esperados líderes estrangeiros de direita notáveis, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado em outubro pelo presidente Lula
O ex-presidente americano Donald Trump e sua antiga aliada Nikki Haley tentarão, esta semana, seduzir milhares de conservadores reunidos nos arredores de Washington para examinar os aspirantes republicanos à Casa Branca.
A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), realizada entre esta quarta-feira (1º) e sábado, é uma vitrine em escala nacional tanto para líderes consolidados como para as estrelas em ascensão.
O evento de quatro dias se anuncia como a "a maior e mais influente reunião de conservadores do mundo".
São esperados líderes estrangeiros de direita notáveis, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado em outubro pelo presidente Lula, embora muitos potenciais candidatos à presidência dos EUA para 2024 não estarão presentes.
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É provável que o discurso de abertura de Trump no sábado repita o lema "Make America Great Again" (MAGA, 'Torne os Estados Unidos grandes novamente'), que o levou ao poder em 2016, abordando segurança fronteiriça, porte de armas e outros temas conservadores predominantes.
Espera-se que Haley, ex-embaixadora de Trump na ONU, argumente, por sua vez, que o "Grand Old Party" (GOP, 'Velho Grande Partido', como o Partido Republicano é conhecido) precisa de uma nova geração de líderes, livres da mancha do recente fracasso eleitoral e capazes de inspirar novos eleitores.
"Ato de equilíbrio"
"Nikki Haley tem que se mover na linha muito tênue entre se diferenciar de Donald Trump e continuar atraindo apoiadores, que ainda constituem a grande maioria dos ativistas da CPAC e os participantes das primárias do Partido Republicano", disse Margaret Susan Thompson, professora de política e história da Universidade de Syracuse.
"É um ato de equilíbrio desafiador. Até agora, Haley parece estar focando na questão da idade, mas, dada a base do GOP/MAGA, inclinada aos mais velhos, ela precisa ter muito cuidado nesse terreno", acrescentou.
Trump anunciou sua candidatura três meses antes de Haley, que o fez em meados de fevereiro, mas sua campanha tem sido criticada por sua inércia, a falta de uma visão política clara e os constantes escândalos que o acompanham.
O turbilhão de controvérsias em torno do ex-presidente, dos maus resultados dos principais candidatos que apoiou a suas múltiplas investigações, levanta dúvidas sobre a possibilidade de que siga articulando os republicanos.
"Até agora, na maioria de seus comícios e discursos, ele olhou para trás, concentrando-se na 'eleição roubada' de 2020, em vez do que ele pretende fazer no futuro", afirmou Thompson. "Do meu ponto de vista, essa não é uma maneira de expandir sua base de apoio."
Nem DeSantis, nem Pence
No entanto, a força persistente de Trump em pesquisas perturba seus críticos. O magnata continua superando claramente muitos de seus rivais, como o ex-vice-presidente Mike Pence e o governador da Flórida Ron DeSantis, considerado seu mais forte adversário.
Konrad Petraitis, analista da consultoria de risco estratégico Sibylline para as Américas, prevê que Trump criticará DeSantis por sua proximidade com o establishment republicano.
"Não há evidência que sugira que os ataques a DeSantis, neste momento, aumentem a popularidade" do ex-presidente, disse à AFP. "No entanto, sua equipe poderia sentir que qualquer ataque a DeSantis vai enfraquecê-lo e facilitará a nomeação de Trump".
Os delegados da CPAC ouvirão mais de 100 oradores, em sua maioria pró-Trump, entre eles ex-secretários de gabinete, vários senadores republicanos e numerosos membros da extrema direita na Câmara dos Representantes.
A CPAC também prevê sessões de trabalho, nas quais o alvo serão os "woke", termo usado para designar antirracistas, feministas, ambientalistas, defensores da justiça social e as grandes empresas de tecnologia.
Mas grande parte da constelação do partido, como DeSantis, Pence e os líderes do comitê nacional e do Congresso, se recusa a fazer a peregrinação a National Harbor, local de Maryland que abriga a convenção.
A ausência de muitos nomes importantes ocorre depois que o organizador da CPAC, Matt Schlapp, negou recentemente acusações de agressão sexual contra um membro da equipe da campanha republicana na Geórgia.
Tradicionalmente, a conferência termina com uma "pesquisa informal" sobre as preferências dos participantes sobre a indicação presidencial republicana.
Trump ganhou todas as pesquisas não oficiais feitas desde sua eleição em 2016, obtendo 69% dos votos no ano passado, em comparação com apenas 24% de DeSantis.