Trump é indiciado por tentar reverter resultado da eleição de 2020
O ex-presidente americano enfrenta três acusações de conspiração e uma acusação de obstrução
Donald Trump foi indiciado, nesta terça-feira (1º), por seus esforços para reverter os resultados da eleição presidencial de 2020 - a ameaça legal mais séria até agora ao ex-presidente, que busca retornar à Casa Branca.
Trump enfrenta três acusações de conspiração e uma acusação de obstrução na denúncia de 45 páginas apresentada pelo procurador especial Jack Smith.
Trump é acusado de conspiração para fraudar os Estados Unidos e conspiração para obstruir um procedimento oficial: a sessão conjunta do Congresso de 6 de janeiro de 2021, realizada para certificar a vitória eleitoral do democrata Joe Biden.
"O objetivo da conspiração era reverter os resultados legítimos das eleições presidenciais de 2020, usando alegações sabidamente falsas de fraude eleitoral", diz a denúncia.
Smith já havia apresentado acusações contra Trump pela má gestão de documentos sigilosos do governo, e o ex-presidente também enfrenta um julgamento em Nova York por supostamente pagar propina a uma atriz pornô para silenciá-la às vésperas da eleição.
"Apesar de ter perdido, o réu estava determinado a permanecer no poder", diz a denúncia. "Por mais de dois meses após o dia da eleição, em 3 de novembro de 2020, o réu espalhou mentiras de que houve fraude determinante no resultado da eleição e que ele havia realmente vencido."
"Essas afirmações eram falsas, e o réu sabia que eram falsas", acrescenta.
A denúncia menciona seis co-conspiradores, mas nenhum deles é identificado. Trump é o único réu nomeado.
De acordo com relatos da mídia norte-americana, Trump será convocado para comparecer ao tribunal em 3 de agosto.
Trump, favorito à indicação republicana para as eleições presidenciais de 2024, atacou Smith, chamando-o de "enlouquecido" e afirmando que ele emitiu "mais um Falso Indiciamento" para "interferir na eleição presidencial".
"Por que eles não fizeram isso há 2,5 anos?", disse Trump em uma mensagem em sua plataforma Truth Social. "Por que esperaram tanto tempo?"
"Porque eles queriam fazer isso bem no meio da minha campanha", frisou.
Trump tem repetidamente classificado a investigação como uma "caça às bruxas" política organizada pelo Departamento de Justiça.
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Julgamento dos documentos em maio
Trump deverá ser julgado na Flórida no caso dos documentos sigilosos em maio do próximo ano, no auge do que se espera ser uma campanha presidencial bélica com os democratas.
No início de junho, o ex-presidente recebeu 37 acusações relacionadas à sua recusa em devolver documentos sigilosos levados para a Flórida depois que deixou a Casa Branca.
Essas acusações incluem retenção de informações de defesa nacional, obstrução de justiça e fornecimento de informações falsas, que podem resultar em até 20 anos de prisão.
Na semana passada, Smith apresentou acusações adicionais contra Trump em uma denúncia substitutiva.
No mais recente indiciamento, Trump é acusado de tentar apagar as imagens das câmeras de segurança em sua residência em Mar-a-Lago para impedir que fossem fornecidas ao FBI e a um grande júri.
Os promotores da Geórgia também investigam se Trump tentou ilegalmente reverter o resultado das eleições de 2020 neste estado do sul dos Estados Unidos.
A investigação foi desencadeada pela ligação telefônica de Trump, em 2 de janeiro de 2021, ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, na qual o então presidente pressionou o funcionário a "encontrar" 11.780 votos que revertessem sua derrota para Biden no estado.
Como presidente, Trump foi alvo de processos de impeachment na Câmara dos Representantes controlada pelos democratas por buscar informações políticas sobre Biden da Ucrânia e pelos eventos de 6 de janeiro, mas foi absolvido pelo Senado, que tinha maioria republicana, em ambas as vezes.