Trump enfrenta dois novos desafios judiciais em Nova York
O ex-presidente é acusado de fazer um suposto pagamento para comprar o silêncio de uma atriz pornô sobre uma relação à qual sempre negou
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrenta nesta segunda-feira (25) duas audiências judiciais que podem manchar sua imagem de bilionário bem-sucedido que aspira à reeleição em novembro.
O magnata do setor imobiliário chegou nesta segunda-feira ao tribunal de Manhattan para uma audiência, na qual o juiz marcou para 15 de abril o início de seu julgamento histórico pelo suposto pagamento para comprar o silêncio de uma atriz pornô sobre uma relação à qual sempre negou.
Trump é acusado em quatro processos criminais e já foi condenado a multas altas em dois julgamentos civis.
Ao lado de seus advogados, o republicano de 77 anos entrou na sala do juiz de instrução Juan Merchan, lentamente, mas com tom exasperado.
"Isso é uma caça às bruxas e uma farsa", disse o candidato presidencial republicano aos jornalistas ao chegar ao tribunal.
Esta será a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos será julgado em um processo criminal pelo pagamento de 130 mil dólares (quase 650 mil reais na cotação atual) para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels antes das eleições presidenciais de 2016.
Trump é acusado de ter atribuído este pagamento a despesas legais. Se condenado, ele poderá pegar quatro anos de prisão.
"Nada de errado"
Mas a Justiça concedeu-lhe nesta segunda-feira uma tábua de salvação, ao reduzir significativamente a fiança que terá que pagar em um julgamento por fraude financeira.
O tribunal de apelações reduziu o valor da fiança de 464 milhões de dólares (2,3 bilhões de reais) – que incluía multa e juros – para 175 milhões de dólares (881 milhões de reais), e deu-lhe dez dias para arrecadar o dinheiro.
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Essa fiança foi definida pelo juiz Arthur Engoron, que o condenou, juntamente com seus filhos Eric e Don Jr., em 16 de fevereiro, por inflacionar o valor de suas propriedades para obter taxas de juros mais favoráveis em empréstimos e seguros em seu império imobiliário Trump Organization.
"Deveria ser ZERO, NÃO FIZ NADA DE ERRADO!", escreveu Trump nesta segunda-feira em sua plataforma Truth Social, pouco antes do início da audiência, afirmando que a multa é "fraudulenta".
Se não depositar o valor, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que levou os Trump ao tribunal em outubro de 2022 por fraude financeira, poderá bloquear seus bens e contas bancárias.
"Sua imagem mudaria radicalmente aos olhos de muitas pessoas, já que ele sempre se apresentou como um milionário de sucesso", disse à AFP Andrew Weissmann, ex-procurador federal e autor de um livro sobre as acusações do ex-presidente.
O ex-inquilino republicano da Casa Branca (2017-2021), para onde pretende retornar em 2025, chama a sentença civil de "inventada" e a "exigência de fiança, inconstitucional" imposta por uma procuradora "racista e corrupta" e por um juiz "controlado pela panelinha democrata".
Os advogados de Trump afirmaram na semana passada que seu cliente não conseguiu levantar o valor da fiança, que é uma garantia de que o magnata pagará a pena imposta se os seus recursos não prosperarem.
Este valor soma-se aos quase 92 milhões de dólares (459 milhões de reais) que teve de depositar no início do mês devido à sentença de pagamento de 83,3 milhões de dólares (415 milhões de reais) à escritora E. Jean Carroll por difamação.
O ex-presidente garantiu na sexta-feira que tinha "quase 500 milhões de dólares (2,4 bilhões de reais) em dinheiro, uma parte significativa dos quais são destinados à campanha" contra o presidente democrata Joe Biden.
Nesse mesmo dia, sua empresa de comunicação Trump Media & Technology Group recebeu autorização para abrir o capital, uma medida com a qual poderia contar com milhões de dólares como garantia.
Suas opções são vender propriedades como a icônica Trump Tower na Quinta Avenida, solicitar um empréstimo bancário ou até mesmo declarar falência pessoal, segundo Carl Tobias, professor de direito na Universidade de Richmond (Virgínia Oriental).
"Esta última opção não suspenderia a sentença de primeira instância contra Trump, uma vez que a procuradora provavelmente tentaria declará-lo responsável pelas suas dívidas", sustenta.