Trump enviou secretamente testes de covid-19 para Putin, revela livro
Bob Woodward, um dos jornalistas que descobriu o Watergate, expõe detalhes sobre magnata, incluindo contato do republicano com o Kremlin durante sua campanha
O ex-presidente Donald Trump enviou secretamente kits de teste de covid-19 quando estava na presidência ao seu então homólogo russo, Vladimir Putin, apesar da escassez nos Estados Unidos durante a pandemia, revelou um livro do conhecido jornalista Bob Woodward.
Ainda segundo o livro, o magnata também conversou com Putin várias vezes após deixar o cargo.
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No livro "War" ("Guerra", em tradução livre), do qual o jornal americano The Washington Post publicou vários fragmentos nesta terça-feira, Woodward, um dos jornalistas que descobriu o Watergate, fornece detalhes sobre Trump. A equipe de campanha de Trump chamou o livro de "lixo" e "histórias inventadas".
— [São] o trabalho de um homem verdadeiramente demente e transtornado — disse à AFP o diretor de comunicações, Steven Cheung.
O jornalista garante que o candidato republicano à Casa Branca manteve contato com Putin, inclusive durante a sua campanha para outro mandato presidencial, apesar de a Rússia travar uma guerra na Ucrânia, aliada dos EUA.
Em 2020, em plena pandemia de covid-19, Trump enviou um lote de kits de testes a Putin, que lhe pediu que mantivesse segredo. De acordo com Woodward, Putin disse a Trump: "Não quero que você conte a ninguém porque as pessoas ficarão bravas com você, não comigo".
Woodward também cita um assessor anônimo de Trump que afirma que o ex-presidente conversou com Putin até sete vezes desde que deixou a Casa Branca em 2021. No início de 2024, Trump ordenou a este assessor que abandonasse o seu escritório na sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, para poder falar ao telefone com Putin, afirma.
O livro estará à venda em 15 de outubro, apenas três semanas antes de uma eleição disputada nos EUA entre Trump e a vice-presidente democrata Kamala Harris.
"Trump foi o presidente mais imprudente e impulsivo da história dos Estados Unidos e está demonstrando o mesmo caráter como candidato presidencial em 2024", escreve Woodward.
Putin e Trump nutrem uma relação complexa. O magnata, que já expressou sua admiração pelo presidente russo, é mais suscetível a reduzir a ajuda militar e financeira à Ucrânia.
A inteligência americana concluiu que houve interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e 2020 a favor de Trump, o que o republicano nega categoricamente, assim como a diplomacia russa.
Relação Biden e Netanyahu
O livro conta ainda alguns dos erros do presidente democrata Joe Biden e sua luta para evitar uma escalada do conflito no Oriente Médio, incluindo a exasperação do mandatário democrata com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visto que os seus esforços para conseguir que Israel e o Hamas chegassem a um cessar-fogo não tiveram sucesso.
De acordo com a CNN, que obteve uma cópia do livro, Woodward cita repetidamente Biden, que chamou Putin de "epítome do mal", Netanyahu de "mentiroso" e disse que "nunca deveria ter escolhido" Merrick Garland como procurador-geral dos Estados Unidos.
Segundo o livro, durante um telefonema em abril, Biden perguntou a Netanyahu: "Qual é a sua estratégia, cara?". "Temos que entrar em Rafah", respondeu Netanyahu, referindo-se a uma cidade no sul da Faixa de Gaza. "Bibi, você não tem estratégia", respondeu Biden, segundo o jornalista.