Trump quer deportação de alunos estrangeiros que participaram de atos anti-Israel em universidades
Em novo decreto antecipado pela mídia americana, presidente fecha cerco contra o que classificou como agenda de extrema esquerda
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Em sua segunda semana à frente da Casa Branca, o presidente Donald Trump não diminuiu o volume de decretos assinados para avançar sobre promessas de campanha vinculadas à sua política de "Law and Order".
Fontes em Washington anunciaram que o republicano vai assinar nesta quarta-feira uma série de decretos relacionados ao Departamento de Educação, incluindo uma nova medida que tem como alvo manifestantes que participaram dos protestos anti-Israel que se espalharam pelos campi das universidades americanas no ano passado — prevendo inclusive a deportação de estudantes estrangeiros com visto regular que tomaram parte nos atos.
O texto do decreto, segundo o antecipado pela imprensa americana, determina a ação imediata do Departamento de Justiça — alvo de uma devassa recente pela equipe de Trump — para "reprimir o vandalismo e intimidação pró-Hamas, e investigar e punir o racismo antijudaico em faculdades e universidades esquerdistas e antiamericanas". A medida cita também a deportação de estrangeiros com vistos regulares, que por ventura tenham participado dos protestos.
Os campi universitários americanos foram palco de alguns dos maiores protestos contra a atuação de Israel durante a guerra contra o Hamas em Gaza. Campi de algumas das mais prestigiadas instituições do mundo, como Harvard e Columbia, registraram semanas de protesto, em meio às quais surgiram denúncias de práticas antissemitas, incluindo por parte do então presidente, Joe Biden.
Os protestos também provocaram um amplo debate sobre os limites da liberdade de expressão e do uso de força para reprimir organizações estudantis dentro do ambiente acadêmico.
Ainda de acordo com trechos antecipados pela Bloomberg e pelo New York Post, Trump determina também que agências federais façam uma revisão dos casos, relatando suas descobertas a todas as autoridades criminais e civis, além de indicar as ações disponíveis para combater o antissemitismo, incluindo em campi universitários.
Trump fez campanha para reformular o Departamento de Educação e reprimir o que os conservadores denunciam como uma tendência de esquerda nas escolas. No período eleitoral, o republicano afirmou que deportaria manifestantes estrangeiros que participaram de atos anti-Israel e revogaria o credenciamento de faculdades que não tomassem medidas contra o discurso de ódio antijudaico ou a violência em seus campi.
Um outro decreto previsto para ser assinado nesta quarta pretende proibir o financiamento federal para o que a Casa Branca classifica como "ideologia radical de gênero e teoria crítica de raça na sala de aula" — duas agendas que o presidente já tentou coibir por meio de decreto no meio militar.
A ordem pede ao secretário de Educação que forneça uma estratégia à Casa Branca dentro de 90 dias para acabar com a "doutrinação na educação" e que se mova para restabelecer a Comissão 1776, um projeto que Trump criou durante seu primeiro mandato, que apresentou uma visão conservadora do passado da nação — uma que os críticos disseram que minimiza o papel da escravidão na história dos EUA.
Ele também pede ao procurador-geral dos EUA que trabalhe com promotores estaduais e locais para abrir ações contra professores e funcionários de escolas locais "que exploram sexualmente menores" ou promovem práticas de "transição social" sem licença médica.
Trump e os críticos conservadores criticaram duramente o que eles consideram currículos em escolas que são muito focados em ensinamentos sobre raça, gênero e sexualidade e, mais amplamente, em esforços de diversidade, equidade e inclusão na academia e no governo.
Não está claro como a administração pode redirecionar ou proibir o financiamento federal para escolas sem a aprovação do Congresso. As ordens de Trump que ameaçam testar os limites de seus poderes executivos provavelmente enfrentarão contestações judiciais, assim como outras ações iniciais. (Com Bloomberg)